Novas ciclovias estão estimulando mais e mais pessoas a pedalar em São Paulo; simples quedas que podem trazer consequências graves, alerta médico.
As ciclovias estão mudando o jeito de se locomover em São Paulo e, para muitos, tem sido uma grande ajuda não depender de carro ou transporte público para percorrer pequenas distâncias. Entretanto, para quem não é um ciclista regular, alguns cuidados devem ser tomados para evitar quedas.
Para se ter uma ideia de como o assunto é sério, um estudo realizado pelo St. Vincent Hospital, em Nova Iorque, sobre acidentes com ciclistas, aponta que 25% dos acidentes graves é por conta de simples quedas, quase o mesmo número, 27%, de acidentes entre carros e bicicletas. Ou seja, tomar cuidado é preciso.
Segundo o ortopedista Mauricio Lebre Colombo, membro da equipe de cirurgia do joelho do Hospital do Servidor Público Estadual, algumas dicas básicas evitam quedas e problemas ortopédicos mais sérios. “Escolher o tênis adequado é primordial. Isso porque, além de prevenir lesões nos joelhos e pés, também traz equilíbrio e evita quedas por conta do calçado inadequado”, alerta.
Outra dica básica e muito importante é se vestir adequadamente. “Capacete é item mais que obrigatório. Luvas e óculos também são importantes, numa queda, eles protegem regiões sensíveis do corpo”, afirma Colombo. Para quem pedala à noite, o ortopedista lembra que é preciso ser visto. “Use pisca pisca traseiro, coletes refletores, farol ou qualquer outra sinalização refletiva.” Carregar peso pedalando também não é muito seguro, diz o ortopedista. “Se não tiver como evitar as mochilas nas costas, tente não abarrota-las de coisas, peso desiquilibra. Se for levar alguém na garupa, o cuidado é dobrado”.
Se houver interesse no assunto, podemos agendar um bate-papo com o especialista e indicar personagens.
Maurício Lebre Colombo é médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, ortopedista, com especialização, no exterior, em cirurgia do joelho. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, Sociedade Brasileira de Artroscopia. Atualmente, Maurício Lebre Colombo é membro da equipe de cirurgia do joelho do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo.
Os acidentes com ciclistas não são raros. Para alguns, as quedas não são mais que um pequeno inconveniente ou parte
da aventura na bicicleta. Depois de um acidente, esse tipo de ciclista
levanta, tira a poeira, confere se sua bike teve algum dano e volta a
andar como se nada tivesse acontecido (eu mesmo já fiz isso!). Mas
existem outros casos em que o ciclista bate no chão e a consequência
final é um osso quebrado.
Os acidentes podem não só atrapalhar o pedal, como também trazer
problemas posteriores. Nos últimos 10 anos sofri umas 10 quedas (de
filme). Muitas vezes cai de lado por não destravar o pé, ou na lama, mas
refiro-me a quando se perde totalmente o controle: você sai voando,
quicando como bola e parando longe da bike. Foi em um desses acidentes que quebrei um osso, especificamente, a clavícula.
O tratamento para a fratura de clavícula é algo estranho. Quando se
quebra um braço, os médicos colocam um gesso ou uma férula para
imobilizar; quando se torce o tornozelo, igualmente colocam uma férula;
quando se quebra um dedo, colocam uma tala e indicam gelo. Mas por se
localizar na parte
de cima do peito e muito perto do ombro, a clavícula é praticamente
impossível de engessar: teríamos que dispor de um gesso para imobilizar o
peito todo e o ombro. A operação não é necessária, a menos que a
clavícula tenha se partido em vários fragmentos ou esteja afetando
nervos ou artérias.
Quando você quebra a sua clavícula, geralmente vai sair do hospital
com alguns calmantes para a dor e advertido de que não pode mover o
braço para que solde bem. No mais, depende de você. Eu já estive nessa,
sei de algumas lições que poderão lhe ajudar se alguma vez estiver na
mesma situação.
As principais lições são: ter muita paciência - isso é fundamental, e
pense na recuperação mental juntamente com a recuperação física, com
muita vontade para esquecer medos e traumas que lhe façam tremer ao
pegar a bicicleta ou fazer o de sempre.
Paciência é a mãe de todas as virtudes
Encare o fato: você está com um osso quebrado e esse não solda da
noite para o dia. Para que fique bom, leva tempo, que muitas vezes
parece eterno. E a maioria desse tempo você tem que ficar quieto, sem
movimentar o local, em posições que às vezes são chatas e incômodas, isso tudo para que o osso solde corretamente.
O primeiro passo é escutar o doutor e o seu corpo. Durante as primeiras duas semanas,
tente ao máximo não mover o braço (mesmo dormindo!). Cada movimento que
faz, ainda que seja pequeno, como a trepidação de passar em um buraco
de carro, causa muita dor. Dormir é uma aventura... Indico usar
travesseiros, como se fosses um rei. Use muitos travesseiros para apoiar
o ombro e para não girar. A melhor posição é a "Drácula", básica para
dormir. Minha técnica foi deitar-me entre travesseiros, durante a noite e
no sofá da sala nas tardes. Acredite, meus dedos da mão esquerda (sou
destro) se exercitaram e fortaleceram como nunca escrevendo no
computador.
Depois de um par de semanas quieto, a maior parte do tempo deitado,
sem se mover, colocar alguns limites é importante. Quando o osso começa a
soldar, em uns 20 dias (três semanas), você começa a se sentir melhor e
irá querer realizar todas as atividades que sempre fez. Seguramente, se
você é uma pessoa hiperativa como eu, que está acostumada a fazer
coisas o dia todo, vai se dar conta que é uma loucura fazê-lo. Descobri
que passo o dia todo planejando, trabalhando, criando, improvisando,
quase sem descansar. Mas, depois de um acidente, até as coisas mais
simples cansam, dessa forma, você tem que pensar suas atividades com
muito cuidado. Tem que entender que todas as atividades "regulares"
tornam-se mais difíceis.
Vestir-se pode requerer outro par de mãos para ajudar, ou terás que
se vestir como um romano antigo envolvido em um lençol. Provavelmente
você começará a usar sapatos sem cordões, bermudas e camisas largas de
botões, para manter o braço junto ao peito. Dirigir um carro é quase
impossível com um braço, pois não se tem a mesma mobilidade nem a mesma
capacidade de reação, ainda mais com a quantidade de buracos que há nas
cidades. Use isso como desculpa para caminhar mais (mesmo que tenhas que
aprender a caminhar sem se mexer muito, porque dói até os cabelos).
Caminhar vai ajudar a manter os músculos, as pernas e o coração em
ritmo, isso significa menos tempo para voltar a pegar a condição física
quando puder retornar à bicicleta. Mas há algo importantíssimo que
você não deve deixar de fazer (e que eu não fiz, o que atrasou mais
minha recuperação): tirar o tempo necessário para ir à terapia de
recuperação muscular. Se você não fizer fisioterapia, o osso poderá
calcificar incorretamente e se chegar a ocorrer uma fratura no mesmo
lugar, a recuperação vai ser ainda mais lenta. Eu tentei me manter ativo
(às vezes acho que mais do que o necessário), e de alguma maneira com a
cabeça longe de bobeiras, isso foi muito positivo. Na realidade, as
quatro primeiras semanas se deve ter muito cuidado e ignorar as
críticas, porque a terapia hoje é básica nessas fraturas.
Ao final, tem que regressar à bicicleta
O passo final é voltar a pedalar, pegar de novo a fiel parceira. Uma
vez que se está pronto para sair de bicicleta de novo,tem que se
assegurar que a primeira vez seja um caminho curto e simples. Minha
experiência foi que, depois de quase 10 semanas e com licença do doutor,
fiz uma rodada por perto de 45 minutos, por pavimento em bom estado,
pois tinha medo de ter dores posteriores, mas na realidade nunca doeu.
Isso foi um bom sinal!
Depois, aos poucos, fui tomando mais confiança e não corri risco
nenhum por excessos. Mesmo assim, saídas curtas e limitadas também
significam muito tempo fora da bike. Use esse tempo que está sem a
bicicleta para fazer algum trabalho de recuperação física. Também, deves
usar esse tempo para tirar todos os fantasmas que ficam depois de um
acidente, porque em geral se perde a confiança e é preciso muita
paciência para tê-la de novo. Assim o tempo vai passar e aos poucos você
retoma a vontade de voltar à bicicleta.
Quando achei que estava 100%, encarei a trilha mais dura que pude,
para demonstrar a mim mesmo que era capaz de pilotar novamente. Claro
que nesse dia, fui com todo o medo do mundo, a falta de confiança se
traduzia em falta de habilidade e isso começou a me molestar,
obrigando-me a voltar a ter a destreza que tinha antes. Depois desse
dia, minha confiança voltou e agora estou novamente rodando tanto quanto
posso, em todos os níveis, e a diversão é maior do que antes. Confesso,
também, que agora normalmente pedalo mais concentrado no caminho do que
antes.
Palavra do Doutor
Dr. Franklin Passos
Quando há fratura exposta ou com risco de exposição, complicações
neurovasculares, infecção (osteomielite), não consolidação (conhecida
como pseudoartrose) ou, finalmente, o caso de um atleta profissional que
necessita de retorno rápido aos treinamentos, a cirurgia pode ser
aconselhada. O imobilizador para clavícula tipo “8” é indicado para
manter os fragmentos da fratura alinhados e imobilizados para que a
consolidação ocorra no menor tempo possível e com melhor resultado
estético. Também, vale ressaltar a importância da conscientização do
paciente portador de fratura de clavícula sobre a necessidade de manter
uma posição fixa com os ombros voltados para trás e o peito para frente,
para complementar a ação do imobilizador em “8”. O treinamento de judô
para quedas é outra dica importante, pois todo ciclista deveria conhecer
e dominar a técnica para se proteger quando cair.
Agredeça quem te ajuda e anima
Muitas pessoas vão se preocupar com você, farão visitas. Seguramente,
haverá pessoas que estarão sempre com perguntas sobre a recuperação
(não gostei muito disso), mas em especial, haverá muita gente disposta a
ajudar, a aguentar o seu mau humor por causa da dor, a crise
existencial por não poder nem se mover, e mesmo que saibam do incômodo,
ajudarão você a se vestir, comer, farão as compras e outras coisas que
não se pode fazer com apenas uma mão. Essas pessoas merecem
agradecimento, pois são muito valiosas em sua vida.
O melhor conselho que posso lhe dar em uma situação qualquer de lesão
é manter a mente em positivo. Seja criativo, use seu tempo para criar e
pensar em coisas boas, mantendo a cabeça ocupada. Os ossos quebrados
vão sanar, mas nunca permita que os acidentes destruam seu espírito. Um
ciclista é uma pessoa anormal, sempre volta e se supera.
Viajar... Quem não gosta? Às vezes você se pega imaginando como seria conhecer aquele lugar bonito, mas distante, que você só conhece pelas fotos. Para muitos ciclistas, a primeira coisa que vem na mente é: quero pedalar lá! Sim, a magrela tem que ir junto, ou a viagem não será a mesma.
Revista Bicicleta por Pietro B. Petris
27/08/2014
Foto: Divulgação
Viajar com a bike na bagagem, eis o ‘desafio’. Levar a bicicleta em um carro com o auxílio de um rack é relativamente simples, mas como levar as bikes numa viagem de ônibus ou avião? Muitas empresas não aceitam transporte de bicicletas montadas ou cobram muito por isso. Além desse transtorno, a bicicleta pode sofrer arranhões e danos nos componentes.
Então, como transportar a bike em segurança?
Mala-bike e bike-case
Para resolver este problema, ciclistas foram desenvolvendo seus métodos de transporte, que vão desde plástico bolha até os bike-cases, embalagens específicas de bicicletas.
Um dos produtos mais comercializados é a mala-bike, acessório que tem se tornado item essencial para quem viaja longe com a magrela. O nome já diz tudo: trata-se de uma mala com compartimentos nos quais se abriga a bicicleta. O número de compartimentos varia conforme os modelos. Há um compartimento maior que abriga o quadro com o guidão virado em 90°, outros que abrigam as rodas (às vezes, apenas a roda dianteira) e, em alguns casos, outros menores para guardar o câmbio traseiro, os pedais etc, quando for necessário removê-los. Isso depende tanto do modelo da mala-bike quanto do tamanho e tipo da bicicleta.
A maioria das mala-bikes são fabricadas com tecidos como náilon e cordura, e algumas empresas aproveitaram isso para projetar e fabricar modelos dobráveis. Há modelos que podem ser invertidos, possuindo um compartimento que abriga todo o tecido dentro de si, transformando uma mala-bike grande em uma pequena bolsa portátil. Outros modelos possuem base rígida e/ou rodinhas e alças que facilitam o transporte.
Já os bike-cases são rígidos, podendo assim oferecer maior proteção à bicicleta. São, entretanto, mais pesados e mais caros. Enquanto uma mala-bike custa em torno de R$ 200 nos modelos mais baratos, um bike-case tem preço inicial rondando R$ 800. Uma desvantagem do bike-case é que ele não pode ser dobrado. Alguns bike-cases também possuem rodinhas e alças.
Existem ainda outras embalagens para bicicleta, como a Helium Bike Case, um modelo que combina partes maleáveis, rígidas e bolsas infláveis nas laterais para proteger a bicicleta. O preço é nada convidativo, custando $ 600 no exterior- o que com impostos e frete totalizaria em torno de R$ 3.500.
Improvisando, muitos ciclistas embalam as magrelas com papelão – a caixa da bike, obviamente, serve muito bem – além de espumas, plástico bolha e outros. São opções baratas, que dependendo da situação, dispensam uma mala-bike.
Mala-bike dá certo?
Existem vários relatos, opiniões e experiências sobre mala-bikes e bike-cases na internet, além de embalagens improvisadas. Para o público que necessita delas, as mala-bikes são muito úteis, mas não garantem tudo. O problema é o tratamento dado para as bicicletas em transporte. O descaso dos funcionários com bagagens causa danos e extravios constantemente, portanto, é bom tomar algumas medidas preventivas.
Cada tipo e modelo de embalagem tem suas vantagens, desvantagens e aplicações, então, é bom avaliar bem sua situação e saber o que é necessário.
As vantagens da mala-bike
“Para viagens internacionais não tem jeito, é a melhor maneira, aí quanto mais rígida for melhor, e não adianta economizar. Em minha opinião a melhor mala-bike é da Evoc e a da Thule, que são semelhantes”, comenta Paulo de Tarso, presidente do Sampa Bikers, que acrescenta: “a Solid Sport tem uma mala-bike bem legal, preço bom e protege bem a bike. A desvantagem é o tamanho e a falta de rodinhas para carregar. Mas o custo benefício é excelente”.
Uma vantagem da mala-bike na hora do embarque é a similaridade com uma mala, o que pode amenizar muita implicância da parte dos funcionários. “Há tempos trouxe uma Phillips desmontada dentro de uma caixa e tive algum problema para embarcar com ela em Congonhas. Com a mala-bike, não tive nenhuma intercorrência para trazê-la no bagageiro do avião, junto com a minha bagagem. No momento do despacho informei no balcão da TAM do que se tratava, e como ela é uma bolsa ‘padrão’ para transportar bicicleta, passou rapidinho e sem custo. Pelas vantagens que oferece, uso sempre a minha mala-bike”, relata Valter F. Bustos, do Museu da Bicicleta (MuBI) de Joinville - SC.
A facilidade para transportar também é uma vantagem. Imagine-se carregando uma enorme caixa de papelão no saguão de um aeroporto. Chato, não? Agora, imagine-se carregando sua bike acomodada em uma mala, sendo facilmente puxada por uma alça, deslizando com a ajuda de rodinhas. Melhorou?
Poder guardar sua mala-bike em um espaço relativamente pequeno também é uma vantagem, sendo que em modelos dobráveis, ela cabe no alforje da sua bike ou em algum guarda-volumes.
Como último ponto entram o baixo custo da mala-bike em comparação com os bike-cases e a estética em relação ao plástico-bolha e à caixa de papelão.
Desvantagens da mala-bike
A maioria das mala-bikes são feitas de tecido. Isso significa que servem para acomodar a bike desmontada e proteger contra arranhões, mas não contra peso ou impactos, coisa que fica a cargo dos bike-cases. Infelizmente, mala-bikes de baixa qualidade não protegem a bike e podem acabar sendo dinheiro jogado fora.
O professor Arnaldo, conhecido blogueiro e atleta, é usuário assíduo das mala-bikes e descreve sobre sua experiência com alguns materiais com os quais elas são confeccionadas, e a dificuldade em encontrar um equilíbrio entre confecção, custo-benefício e peso. “A mala-bike de nylon é uma das opções mais baratas e leves. Vazia, não ocupa o espaço maior do que um livro, e é a mais indicada para transporte no carro próprio. No entanto, quando usada com muita frequência, como é meu caso, não dura muito, considerando que desde o ano 2.000, tenho acumulado mais de 400 competições e mais de uma centena de viagens por todas as partes do planeta. Para viagens de ônibus ou várias bikes no mesmo veículo, as malas confeccionadas em lona ou algum produto semelhante tem a vantagem de serem mais resistentes ao uso contínuo e não custarem tanto. Porém, ainda é necessário proteger bem as partes mais sensíveis da bike. Bom mesmo são as mala-bikes de fibra ou um misto dos três materiais, com barras internas de alumínio, que evitam mais danos à bicicleta; mas estas tem um custo bastante elevado, pois a maioria é importada. Além disso, são mais pesadas, se comparadas aos outros modelos citados, o que pode facilmente ultrapassar os 23 kg com a bicicleta e levar ao pagamento de excesso de bagagem em voos aéreos, além de ocuparem um espaço muito grande, situação que inviabiliza o seu transporte em carros pequenos”, afirma.
Enquanto é manuseada pelos funcionários, a similaridade com uma mala comum pode ser uma desvantagem, sendo tratada como uma mala qualquer. Cabe ao ciclista identificar bem sua mala-bike como portadora de objeto frágil, além de informar aos funcionários da companhia sobre o que se trata. “É engraçado andar com uma mala-bike. Os que sabem do que se trata te dão um sorriso de cumplicidade, mas a maioria te olha com o ar de pergunta: ‘O que é isso?’, e eu tenho vontade de prender um cartaz na mala escrito: É uma bicicleta! Boa viagem!”, ironiza Luli Cox.
Vantagens do bike-case
A principal vantagem dos bike-cases é que eles podem oferecer grande proteção para a bike por serem rígidos – nos modelos bem feitos, é claro. Com o relato frequente de descaso dos funcionários de companhias aéreas, um bike-case pode ser um escudo de proteção para a bicicleta.
As vantagens da similaridade com uma mala comum e a estética também se aplicam aos bike-cases.
Desvantagens do bike-case
A principal desvantagem do bike case é não poder comprimi-lo ou dobrá-lo, tornando-o pouco prático para guardar. Seu peso também pode ser incômodo. E ainda há a questão do preço, por ser mais caro do que uma mala-bike.
Quando a mala-bike ou bike-case é dispensável
“Acredito que a mala-bike seja um acessório importante para algumas pessoas, mas não para todos que viajam com suas bicicletas. Ela garante que a bicicleta chegará protegida e inteira ao seu destino, o que pode ser fundamental no caso de uma competição, mas seu peso e tamanho geralmente são complicações no caso do cicloturismo, onde menos é mais. Se vou realizar uma viagem que envolve ter que transportar a bicicleta de avião, prefiro usar uma caixa de papelão, que geralmente são jogadas fora pelas bicicletarias, de forma que posso me livrar dela assim que chegar ao meu destino, tendo a possibilidade de montar a bicicleta já no aeroporto e sair pedalando dali mesmo. Em minha volta ao mundo toda vez que precisava colocar minha bike num avião usava uma caixa de papelão e nunca tive problemas. Não tem segredo, protege muito bem e, geralmente, não custa nada”, relata Arthur Simões, de São Paulo - SP.
Será que você precisa de uma mala-bike? Para quem faz viagens com frequência, é sem dúvida um bom investimento, quase indispensável. Para quem viaja com frequência e quer garantia de proteção, um bike-case de qualidade é um investimento melhor ainda. Mas talvez aquela viagem de fim de ano já tenha um custo alto e uma caixa de papelão pode suprir a sua necessidade. É importante avaliar!
Minha mala-bike ou bike-case não protege bem alguns componentes, e agora?
Alguns modelos de mala-bike protegem bem os componentes maiores, mas pode deixar a desejar com relação aos pequenos e mais sensíveis.
“Em 1999, viajando para o Sulamericano de Triathlon com uma mala-bike de pano, cheguei ao destino com o garfo da minha bike entortado. Em 2001, viajando para outra competição com uma caixa de papelão, tive a caixa aberta e alguns de meus pertences roubados. Em 2008, viajando para o mundial de Xterra no Havaí, com um case rígido de má qualidade, cheguei ao destino com ele quebrado”, diz o triatleta Rodrigo Lageani, de São Paulo - SP.
Paulo de Tarso acrescenta: “os maiores problemas que tenho em viagens nesse modelo de mala é quebrar gancheira e problemas no freio a disco, empenando o disco da roda. O ideal é tirar o disco da roda”.
Mas calma! Ainda dá para aumentar a proteção da bike. “O truque é fazer da bicicleta desmontada algo rígido, monobloco e o mais leve possível, de tal forma que aguente os desaforos do transporte e fique protegida”, diz a cicloativista Renata Falzoni, da capital paulista.
Reforços de papelão, espumas, borrachas, cordas e similares podem acrescentar proteção no conjunto e evitar danos à bike.
Legislação
Há regras que devem ser consideradas com tempo antes de viajar levando a bicicleta. Obviamente existem limitações em relação ao que e quanto pode ser levado num avião ou ônibus. Uma caixa com uma bicicleta certamente não é pequena, portanto, essa área exige atenção, inclusive como fator de decisão da embalagem a ser usada.
De ônibus
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) garante ao passageiro a franquia de até 30 kg no bagageiro do ônibus, mas o volume não deve ultrapassar 0,3 m³, nem ter mais de um metro em qualquer das dimensões. O passageiro pode levar consigo objetos de até 5 kg que caibam no porta-pacotes do ônibus.
As dimensões de uma mala-bike podem exceder essas medidas, mas isso não significa necessariamente que ela será retida no embarque, já que ela não ultrapassa a cubagem máxima permitida. Há empresas que aceitam as bicicletas montadas, desde que algo as proteja e não danifique outros objetos do bagageiro, mas a grande maioria exige que elas estejam desmontadas e embaladas apropriadamente (caixa de papelão, mala-bike, bike-case).
Como prevenção adicional contra danos na bike, seria de ajuda pedir para colocar a bike no bagageiro por conta própria. Isso fica mais fácil se você chegar cedo para o embarque. É importante lembrar que nem todas as empresas de viação são regidas pelas normas da ANTT, portanto, pode haver companhias que cobram pelo transporte ou que não o permitem. A verificação prévia é indispensável.
No avião
No caso do transporte aéreo, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) diz que a franquia dos voos nacionais para aeronaves com mais de 31 assentos é de 23 kg de bagagem. Pode-se despachar mais de um volume, desde que o peso total não exceda esse limite.
Caso o peso ultrapasse o limite da franquia, o transporte da bagagem ficará sujeito à aprovação da empresa e a cobrança por excesso de peso. Artigos esportivos deverão ser incluídos na franquia, da mesma forma que uma bagagem comum.
A maior parte das empresas aéreas exige que os pedais sejam removidos e embalados, o guidão virado paralelo ao quadro e com as extremidades embaladas, e a roda dianteira removida e afixada no quadro de modo que não se solte. Algumas também exigem que a bike fique acondicionada em algum tipo de embalagem, como uma mala-bike.
Mas existem empresas mais ‘amigas da bike’. “Em viagens pelo Brasil a dica é não levar mala-bike e viajar pela TAM. Pode levar a bike montada, sem tirar as rodas, só com o guidão alinhado com o quadro e os pedais removidos, protegida, de uma forma que o funcionário do aeroporto consiga empurrar a bike. Viajo a mais de 20 anos assim e nunca tive problemas”, recomenda Paulo de Tarso. A TAM é a empresa de aviação que acumula as melhores experiências - o que pode ser constatado em fóruns e blogs -, não só pelo transporte gratuito da bicicleta, mas também com o tratamento dado a ela.
As normas citadas aplicam-se aos voos que saem do Brasil. Para voos com origem em outros países, aplicam-se as normas do local de origem da viagem.
Lembretes e dicas para viajar com a bike
É muito importante verificar previamente as condições da empresa com a qual se pretende viajar para evitar problemas posteriores, além de pesquisar a reputação da empresa, segurança, relatos sobre tratamento dado às bikes e similares. Isso pode evitar muita dor de cabeça. Lembre-se do que foi relatado sobre a proteção que a mala-bike e outros tipos de embalagem oferecem para a bike. E com isso em mente, certifique-se de que a bike irá bem protegida.
Outro lembrete importante é com relação aos pneus e outros itens que usem fluidos sob pressão a bordo de aeronaves. “Ao viajar com bikes, é imprescindível murchar os pneus para que os mesmos não explodam durante o voo. Recomendo deixar os pneus numa pressão de no máximo 15 psi” e nunca colocar cartuchos de CO² dentro do case. Além de proibido, o material pode explodir durante o voo e danificar não só sua bicicleta, como outras bagagens”, diz Rodrigo Lageani.
Mas não é necessário esvaziar completamente os pneus! Em alguns casos, isso pode resultar em prejuízo. “Deve-se tomar cuidado para não murchar os pneus demais porque quem usa líquido selante em pneus tubeless corre o risco de ficar sem”, recomenda Luli Cox.
Caso a bike tenha freios a disco, deve ser colocado entre as pastilhas algo que não permita que os pistões do freio saltem para fora caso o manete seja pressionado. Bikes com freio a disco, novas e na caixa, vêm com esses espaçadores instalados. A nota fiscal da bicicleta deve ir junto, caso contrário, na volta de uma viagem ao exterior, a bicicleta pode ser taxada como produto importado, o que resultaria em pagar 60% – em alguns estados existe acréscimo de ICMS - do valor da bicicleta como imposto.
Problemas com a bagagem
Caso a bagagem sofra danos ou seja extraviada, o proprietário deve procurar imediatamente a empresa de transportes para resolver o problema ou não será atendido posteriormente.
Extravios são comuns em viagens aéreas. Para ter sua bagagem encontrada e devolvida, é necessário apresentar o tíquete da bagagem, já que ele comprova a responsabilidade da empresa sobre ela (isso também é válido em transportes terrestres). Para realizar uma reclamação, o passageiro deve preencher um formulário chamado Registro de Irregularidade de Bagagem, abreviado por RIB. É possível que a empresa se recuse a preencher o formulário. Neste caso, deve-se reclamar diretamente junto à ANAC ou órgão responsável pela aviação civil no país onde se encontra o passageiro.
Para auxiliar na recuperação em caso de extravio, identifique a mala ou embalagem da bike com seu nome completo e alguma forma de contato.
Um último ponto: talvez os funcionários não conheçam bem as regras da empresa quanto ao transporte de bicicletas, e isso é bem comum. Luli Cox dá a dica: “os preços de transporte de bike variam de companhia aérea para companhia aérea e é importante ler e saber quais são as regras. Para muitas companhias aéreas a tarifa para o Brasil é diferente, e se você embarca em um aeroporto do interior que não está acostumado a despachar bikes o atendente pode não saber e querer te cobrar errado. Portanto, tenha em mãos as normas para se proteger”.
Paulo de Tarso complementa com relação a levar a bike com rodas nos voos da TAM: “É importante ter impresso em mãos as informações do site da TAM, no menu bagagens especiais, pois muitos funcionários desconhecem essa informação e é importante bater o pé se o funcionário pedir para tirar as rodas. Não precisa”.
São vários detalhes a considerar, mas quando se trata de proteger a magrela, todo cuidado é pouco. Boa viagem para você e para a sua bicicleta!
Há muito se discute esse assunto em lojas, oficinas
ou nos bate-papos nas trilhas e estradas e eu gostaria de compartilhar
algumas informações sobre a hora certa para trocar a corrente.
Conheço uma “lenda ciclística” que consiste na troca da corrente a
cada intervalo de mil quilômetros. Então, vamos ver se essa teoria faz
algum sentido?
Dois indivíduos utilizam suas bicicletas por mil quilômetros, ambos têm a mesma massa corporal, peso e bicicletas idênticas.
No entanto, um utiliza a bicicleta em região montanhosa e não realiza
limpeza e lubrificação periodicamente. O outro vive na orla e só
realiza percursos planos e, no entanto, realiza manutenção na
transmissão da bicicleta com frequência e mantem a corrente sempre
lubrificada.
Com esses dois exemplos é possível avaliar o desgaste da corrente? Creio que não!
Pois vamos a alguns dos fatores de influência no desgaste de uma corrente:
• Lubrificação
• Peso corporal do usuário
• Relevo do terreno
• Limpeza e manutenção dos componentes
• Estilo da pedalada (passista ou socador)
• Volume de quilometragem
Esses são alguns dos pontos que influenciam diretamente no desgaste não só da corrente, mas da bicicleta como
um todo. Porém, a corrente é um item de suma importância já que é
responsável por transmitir a força aplicada nos pedais até a roda
traseira gerando movimento.
Isso gera tremendo estresse na corrente e por isso demanda cuidados especiais como a checagem periódica do desgaste, limpeza e lubrificação.
Como medir
Alguns fabricantes de correntes e a maioria dos fabricantes de
ferramentas para bicicletas desenvolvem equipamentos específicos para
identificar o nível de desgaste das correntes.
As formas de medição são diversas e variam de caso a caso dependendo
do fabricante da ferramenta. Minha sugestão é sempre seguir a
recomendação do fabricante da corrente para a escolha da ferramenta.
No caso da ferramenta da foto: ao encaixar o primeiro pino na
corrente deve se aplicar leve pressão sobre a segunda parte e o pino não
pode entrar na corrente; caso isso ocorra, significa que a corrente
deverá ser trocada.
É importante ressaltar que conforme a corrente se desgasta ela
desenvolve maior folga lateral e se estira com isso o ajuste do câmbio
se torna mais difícil.
Isso porque quanto maior essa folga, maior a flexibilidade lateral da
corrente e quando o câmbio é acionado se movendo lateralmente, a flexão
da corrente permite que ela se mantenha no mesmo pinhão. Isso causa
falta de precisão e ruídos na corrente.
Não é raro ouvir que exista falta de precisão nas mudanças e com a
simples substituição da corrente há uma melhora considerável na
velocidade e precisão das trocas.
Outro ponto muito importante é verificar o desgaste das coroas. Para
isso também existem ferramentas, porém, raramente são encontradas e a
precisão dessa ferramenta é contestável, portanto, não irei me
aprofundar. Por isso, minha sugestão é sempre procurar um especialista
para avaliar o estado do equipamento e, dessa forma, evitar gastos
desnecessários.
Quando algum dos outros componentes da transmissão está
excessivamente gasto, ele também não irá combinar com os demais,
causando situações perigosas, como quando se aplica maior força nos
pedais e a corrente pula nas coroas ou cassete, podendo provocar
acidentes.
As correntes gastas podem se romper causando, além do risco de
acidentes, uma grande dificuldade para finalizar o trajeto desejado.
Compatibilidade
Outro ponto importante é que cada fabricante constrói uma corrente
específica para seu grupo de peças. Claro que a maioria dos fabricantes
de corrente afirma que suas peças são compatíveis com as mais diversas
marcas de componentes, porém, para assegurar um bom desempenho, a
orientação destes fabricantes é combinar correntes originais a seus
respectivos conjuntos de transmissão.
Lembre-se também de que independentemente de um fabricante
terceirizar a fabricação das suas correntes, isso não significa que
outra corrente feita na mesma fábrica, mas com outro desenho, irá
funcionar adequadamente. Ao substituir a corrente, procure respeitar a
orientação do fabricante e de preferência procure um especialista, assim
poderá evitar danos ou combinações incorretas.
Diferentes fabricantes utilizam formas distintas para o fechamento da
corrente, utilize sempre a maneira indicada pelo fabricante.
Alguns utilizam pinos conectores tipo ampola (pinos com dois estágios
descartáveis) ou junções rápidas conhecidas como emendas. Nunca misture
as formas de fechamento, lembre-se de que a conexão de uma corrente é
um ponto crucial e não permite adaptações ou emendas mal feitas.
Lubrificação
Os tipos de óleo mais populares que temos no mercado são o seco e o
úmido. Use o úmido para períodos chuvosos ou trilhas com passagem por
rios ou poças de lama.
Já o óleo seco é para uso em períodos de estiagem, quando há muita
poeira no trajeto, mas não “encharque” a corrente com óleo, pois o
excesso irá atrair sujeira e formar uma espécie de pasta formada por
óleo velho com fragmentos de metal e sujeira que é altamente abrasiva e
irá ajudar a desgastar todo o conjunto. Limpe bem as polias do câmbio e
transmissão para evitar o acúmulo dessa pasta.
Por fim, mantenha a manutenção da sua bike sempre em dia para que possa desfrutar melhor de seu equipamento.