terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ciclismo e suas artes: aprenda mais sobre a modalidade desconhecida por muitos brasileiros.

Ciclismo e suas artes: 🚴🏼🚴🏼🚴🏼🚴🏼🚴🏼🚴🏼🚴🏼🚴🏼: aprenda mais sobre a modalidade desconhecida por muitos brasileiros.

Posted by JP Ciclismo on Quarta, 16 de setembro de 2015

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Pedalar em grupo ou sozinho? As vantagens e desafios de cada pedal

Essa é uma dúvida comum entre os ciclistas: pedalar em grupo ou sozinho? Algumas pessoas gostam apenas de pedalar sozinhas; outras não saem para o pedal sem companhia; outras, ainda, experimentam os dois. Como quase nada na vida possui uma resposta exata, reunimos um pouco sobre essas duas formas de pedalar.
  Revista Bicicleta por André Schetino  1.507 visualizações   19/08/2015Pedalar em grupo  ou sozinho? As vantagens e desafios de cada pedalFoto: shutterstock.com
Em 90% das minhas saídas de bicicleta pedalo sozinho, principalmente em deslocamentos pela cidade, mas também em cicloviagens ou pedaladas mais longas. Geralmente porque os meus horários são bem diferentes da disponibilidade dos meus amigos de pedal. Mas também porque eu realmente curto estar sozinho com a bicicleta. Nos últimos tempos é que tenho realizado mais pedaladas em grupos – e tenho gostado.
Cada um tem suas preferências, embora muitas vezes a escolha não possa se dar apenas pelo que gostaria de fazer. Sua rotina, seu ritmo de pedalada, o trajeto mais ou menos seguro, seus compromissos e horários podem definir se você vai pedalar em grupo ou sozinho. Reuni, com base em minhas experiências, algumas vantagens e desafios de cada tipo de pedal.
Pedalando em Grupo

Vantagens

Segurança: pedalar em grupo é mais seguro do que pedalar sozinho por uma série de fatores. No trânsito o grupo ocupa mais espaço, fica mais visível e impõe mais respeito aos carros. O mesmo também vale para a segurança dos locais por onde se pedala. Já pedalei à noite na cidade com grupos por locais que não passaria se estivesse sozinho. É muito mais difícil algum meliante agir contra um grupo, do que contra você sozinho.
Socialização: participar de um grupo bacana, fazer amigos e estar envolvido em uma atividade que você gosta é fantástico. Quem pedala em grupo sabe que muitas vezes as amizades extrapolam o grupo, e logo você será padrinho de casamento ou dos filhos daquele seu colega de pedal. Conheço inclusive histórias de pessoas que começaram a namorar e até casaram com colegas de pedalada.
Empolgação: o compromisso que o grupo assume com o pedal muitas vezes ajuda a vencer aquele dia ou momento em que você está mais desanimado para pedalar. Aí não tem regra: um dia a turma pode estar te animando e no outro pode ser você dando uma força para o seu amigo pedalar.
Desafios de pedalar em grupo

Conviver com as diferenças: todo grupo tem pessoas com diferentes personalidades, sensos de humor, ritmos de pedalada e até formas de pensar. Pedalar em grupo é conviver com gente diferente de você, o que em alguns casos exige um pouco de paciência.
5 dicas para pedalar em grupo
1. Respeite o ritmo do grupo

Pedalar em grupo é totalmente diferente de pedalar sozinho. Imagine que você é convidado por um amigo para um pedal, e durante a pedalada você encontra com ele só em dois momentos: na largada e na chegada. É muito chato sair para pedalar em grupo e ver uma turma deixando um ou mais amigos para trás. Se você optar por pedalar em grupo, saiba que dificilmente todos terão o mesmo ritmo. Caso goste de treinar e manter um ritmo mais forte, procure pessoas com ritmo parecido com o seu para pedalar. Entenda que o passeio em grupo é diferente e a diversão está em pedalar junto.
2. Pedale com segurança

Evite freadas bruscas sem necessidade e “manobras radicais” muito próximas aos colegas do grupo. Se estiver pedalando na cidade, respeite as leis de trânsito e lembre-se de que um acidente não só é indesejado como poderá também machucar outras pessoas que estão com você.
3. Sinalize suas ações

Esta dica é uma consequência da dica número 2. Pedalar em grupo é mais seguro do que pedalar sozinho, mas sinalizar as suas ações é fundamental. Se for um grupo grande, quem está atrás muitas vezes não vê buracos e nem sabe das mudanças de direção de quem está na frente. Você deve sinalizar sempre com o braço apontando buracos, avisando sobre carros ou sobre mudanças de direção, evitando assim acidentes que podem envolver uma ou muitas pessoas do grupo.
4. A hora das paradas

Mais um momento de decisão coletiva. Alguns grupos combinam antes os momentos para paradas. Em cicloviagens, isso pode acontecer mais vezes, a depender do percurso. A duração das paradas também deve ser decidida em consenso, levando em conta o tempo de descanso e o condicionamento físico do grupo.
5. Atenção aos imprevistos

A pedalada em grupo deve ser solidária. Imprevistos podem acontecer tanto sozinho quanto em grupo. A vantagem de estar acompanhado é ter mais pessoas para ajudar. É preciso ser paciente no caso de uma parada inesperada e ajudar na hora de resolver aquele problema técnico da bike ou trocar uma câmara de ar que furou. No final do pedal, são os imprevistos que deixam as histórias e “causos” mais divertidos.
Pedalando Sozinho

Vantagens

Você decide: pedalando sozinho você vai se sentir o “senhor dos pedais”. Você decide o trajeto, o ritmo, o momento de parar para descansar, lanchar, tirar fotos etc.
Concentração/reflexão: muitas pessoas – e eu me incluo neste grupo – adoram pedalar sozinhas e fazer desse um momento de reflexão, muitas vezes para esfriar a cabeça ou colocar as ideias no lugar.
Desafios de pedalar sozinho

Força de vontade: pedalar sozinho pode requerer boa dose de força de vontade do ciclista. Às vezes, um ventinho um pouco mais forte ou o céu nublado pode ser a desculpa para ficar em casa. Mas isso depende de cada um. Conheço muita gente que sai sozinha para pedalar, faça chuva ou faça sol.
Conviver com a solidão: isso mesmo. Do mesmo jeito que algumas pessoas gostam de passar um tempo sozinhas, já ouvi relatos de amigos que não suportam ficar algumas horas girando sem outra pessoa para bater papo ou mesmo para fazer aquela companhia silenciosa em pedais longos e cicloviagens.
5 dicas para pedalar sozinho
1. Avise às pessoas sobre sua pedalada

Quem pedala sozinho sabe que essa é a grande preocupação dos parentes e amigos. Às vezes estamos lá curtindo um pedal maravilhoso enquanto nossos entes queridos estão preocupados, muitas vezes em excesso. Mesmo que você já seja experiente nos pedais, deixe sempre alguém avisado sobre o horário de sua pedalada e seu destino. Se você gosta de decidir na hora e não souber para onde vai, pelo menos avise que está saindo para pedalar. Leve sempre um telefone celular para dar notícias ou poder ser contatado. São atitudes simples que deixam todos mais tranquilos.
2. Leve dinheiro e documentos de identificação

É uma dica básica, mas muitos não fazem. Mesmo que não pretenda gastar nada, leve dinheiro extra. Eu calculo uma quantidade caso seja necessário voltar de ônibus ou táxi. Às vezes levo também pensando em um lanche ou refeição extra pelo caminho. Documentos de identificação também são fundamentais, no caso de eventual e indesejado acidente, ou outra necessidade menos urgente.
3. Escolha bem o seu trajeto

Quando se pedala sozinho, devemos prestar mais atenção a algumas coisas, como, por exemplo, a segurança do trajeto. Evite locais perigosos, seja pelo trânsito ou por questões de (falta de) segurança. O ciclista sozinho está mais vulnerável - o que não é motivo de forma alguma pra você deixar de pedalar! Caso pedale por estradas ou trilhas, seja prudente e evite manobras que possam colocar a sua segurança em risco. Fique atento ao trajeto.
4. Equipe-se de acordo com seu destino

Quando se pedala em grupo existe uma série de equipamentos ou ferramentas que podem ser levados apenas por uma das pessoas. Quando se pedala sozinho, você deve pensar em tudo. Imagine que você está em uma estrada a 20 quilômetros de sua casa e ocorre um simples furo no pneu. Isso pode ser um pequeno imprevisto ou algo que vai te dar muita dor de cabeça, dependendo da sua preparação para o pedal. Pense sempre por onde vai pedalar e se a região terá serviços disponíveis. Se você for pedalar pela cidade, pode levar menos equipamentos. Se for para uma trilha ou estrada, onde não haverá oficinas e serviços de borracharia por longos quilômetros, você deverá levar tudo o que precisar para evitar imprevistos. Muitos acham chato levar muitas coisas para a pedalada, mas quando está sozinho é necessário. Tomara que você não precise usar nenhum equipamento para emergências; mas se precisar, eles estarão lá.
5. Atenção para alimentação e hidratação

Essa dica é derivada da dica anterior, mas merece atenção especial. Muitas pessoas saem para pedalar sozinhas e descuidam da alimentação e da hidratação, achando que haverá água e comida fácil pelo caminho. Às vezes, isso é um erro até dentro da cidade, quando é feriado e o comércio está fechado. Mais ainda quando se está numa trilha ou estrada. Já passei a experiência de calcular mal a quantidade de alimento e sentir fome no meio da estrada. Meu desempenho no pedal caiu muito, e depois de alguns quilômetros, quando encontrei uma lanchonete de beira de estrada, transformei um pão de queijo e um refrigerante no maior banquete da minha vida.
Seja qual for a sua escolha, saiba que pedalar em grupo ou sozinho são coisas totalmente diferentes, e exigem uma conduta diferente dos ciclistas. Encontre a maneira que seja de sua preferência, que lhe dê maior prazer, e pedale!

Revista Bicicleta

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Saiba o que comer para melhorar seu desempenho no esporte


Para garantir o melhor desempenho esportivo, a alimentação pré, durante e pós-atividade deve ser rica em carboidrato, pois é a principal fonte de energia do organismo. Mas deve-se saber escolher a qualidade do carboidrato para obter o efeito desejado.

Pré-treino

Consumir os alimentos de 30 minutos a uma hora antes do treino.
Prefira suco de frutas de caixinha com açúcar, bolachas e bolos simples, torradas, pães, milho, batata, mandioca, arroz branco, trigo refinado, geleia, mel, frutas de alto índice glicêmico, como a banana, figo, uva, manga, damasco, uva passa, banana passa, tâmara, ameixa seca.
Evite excesso de proteína, como queijos, iogurte, leite, carnes, excesso de gordura, como margarina, manteiga, queijo e molhos gordurosos, frituras, alimentos industrializados ricos em gordura, como sorvete, bolachas recheadas, excesso de fibras, como cascas e bagaços das frutas, alimentos integrais, farelos de cereais e barrinha de cereal.
Exemplo de lanche: uma banana mais um punhado de uva passa ou uma fatia de pão com geleia ou suco de três frutas diferentes.

Durante o treino

Quando a prática é desportiva, sem fins competitivos, a água supre a necessidade de hidratação para atividades com duração máxima de uma hora. Se ultrapassar uma hora, bebidas isotônicas devem ser ingeridas.
Para fins competitivos é mais indicado o consumo de bebidas esportivas. Nos treinos de ciclismo de curta duração (até uma hora) e alta intensidade, é indicado o uso de bebidas isotônicas e gel de carboidrato.

Nos treinos longos, poderá ingerir alimentos de fácil digestão, como frutas sem bagaço e casca, maçã, banana ou pêra, sanduíches com pouca proteína, fibra e gordura, como bisnaguinha com um pouco de requeijão light, bolos e bolachas sem recheio, suco de frutas ou gel de carboidrato. Preste atenção na sua tolerância gástrica. A bebida isotônica também poderá ser consumida ao longo do treino para garantir a hidratação e suplementos hipercalóricos diluídos em água para repor as perdas de carboidrato, proteína e gordura, e também fornecer energia.

Pós-treino

O objetivo da alimentação no pós-treino é recuperar a energia do músculo.
Essa refeição deve acontecer até duas horas após o término da atividade física e deve conter todos os nutrientes, carboidrato, proteína e gordura.
Exemplo do almoço ou jantar: um prato de macarrão com molho de tomate acompanhado de uma carne grelhada ou purê de batatas com peixe grelhado, verduras e legumes variados temperados com azeite de oliva, e uma fruta de sobremesa.
Exemplo de lanche: sanduíche de pão integral com pasta de atum, preparada com requeijão light ou ricota, alface e cenoura ralada e um suco de frutas ou iogurte desnatado com cereal e morangos picados.

Revista Bicicleta


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Musculação é benéfica para ciclistas?

by Henrique Andrade
O nosso parceiro Leo Michelstadter escreveu um post sobre Musculação e Ciclismo e muita gente acabou perguntando muita coisa. Então ele resolveu escreve um pouco mais sobre o assunto.
Vejam aqui!
Um assunto muito controverso entre ciclistas é a utilidade da musculação como parte da preparação e melhora de rendimento em cima da bicicleta. Muitos falam sobre o ganho de peso. Outros falam sobre não ser necessário ser forte para pedalar, precisa é ser resistente. E, por último, quando pegamos pesado na sala de musculação naturalmente as pernas ficam pesadas e o rendimento, nessa fase, cai bastante. E ai, isso tudo procede? Realmente não precisamos de força e ganhamos peso?
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Hoff et all (2002) traz uma perspectiva interessante sobre o assunto. Inicialmente ele demonstra a colaboração do treino de força (entenda como treino na sala de musculação e de força máxima, ou seja, poucas repetições e muita carga). Na literatura parece consensual que em caso de bem delineado, o treinamento não induzirá ao ganho de peso. Sendo assim, o primeiro consenso popular, de que malhar faz ficar pesado, vai por terra abaixo.
Outro ponto relevante é a melhora da capacidade aeróbia quando juntamos os dois tipos de treino, força e endurance.  Não só o autor, mas Pugh et all (2015), Chtra (2005) e Hickson (1980) encontraram relação positiva na junção das duas atividades. Ou seja, o treinamento de força junto ao de endurance potencializa a melhora do VO2 máx. (capacidade aeróbia).
Por fim, ele traz uma perspectiva sobre a melhora da eficiência mecânica por meio do treinamento de força.  De acordo com o autor este seria o ponto mais relevante para acrescentar a musculação como parte da preparação.
Quando ficamos mais fortes gastaremos menos energia para realizar a mesma atividade. Por exemplo, se hoje aplicamos uma força X para vencer uma subida, ficando mais fortes passaremos pela mesma subida – considerando velocidade constante – aplicando uma força de X/2. Ou seja, ficamos mais econômicos e exigiremos menos do nosso corpo.
O autor usou como protocolo para seu estudo exercícios multi-articulares (como agachamento e leg press), força máxima (poucas repetições e muita carga) e ênfase na fase concêntrica (momento em que a musculatura encurta).
DICAS
- O treino de força deve entrar em momentos bem específicos da sua preparação. É normal a perna ficar mais “pesada”. Prefira início de temporada, que é quando trabalhamos pedais mais leves e longos – a perna vai incomodar do mesmo jeito   Rosto franzido .
- Se puder separe os turnos da execução das atividades. Ou seja, se der, por exemplo, pedale de manhã e malhe a noite. Caso não tenha como, de um pequeno intervalo antes de começar a malhar;
- Priorize o pedal – no dia do treino de força faça o treino de pedal antes.
- Quantidade e intensidade – quem acompanha minha coluna Em cima da Bikesabe que tempo é algo precioso. Então se você trabalha o dia todo, tem esposa e amigos, você consegue fazer o treino de força em 20 minutos, então sem desculpas!!!  Caso você seja um felizardo que tem maior flexibilidade de tempo, não há problema em aumentar um pouco o volume (quantidade de séries) do treino, mas regule a intensidade (nível de esforço).
- Procure um bom profissional para te orientar, nada de padrões de internet ou blogueiras. Rosto sorrindo (preto e branco)
É isso turma, dúvidas utilizem os comentários. Grande abraço!!!


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A respiração durante a pedalada

A respiração é uma atividade que garante ao corpo o oxigênio necessário para a produção de energia e eliminação do gás carbônico resultante das reações químicas. Durante a prática de exercício físico, como andar de bicicleta, uma respiração controlada pode significar um ganho de desempenho, postergação da fadiga e benefícios para a sua saúde.

Revista Bicicleta por Anderson Ricardo Schörner e Claudia Franco 
 
 
A respiração durante a pedalada
Foto: Warren Goldswain
A respiração é uma atividade executada tão mecanicamente que muitas vezes negligenciamos a sua importância durante o exercício de pedalar. É comum os ciclistas procurarem informações e técnicas para se tornar mais ágeis e eficientes, comprarem equipamentos de alto valor e tomarem outras iniciativas visando melhorar o desempenho nas provas e trilhas. Mas o verdadeiro motor de tudo isto é o corpo humano, e a respiração é um dos principais combustíveis!
Segundo especialistas, respirar da maneira correta auxilia no controle da atividade cardíaca e favorece o condicionamento físico. Luciano Lemos Colla, educador físico (CREF 019314-SP) e proprietário da Fitness Evolutions Academia, de Guarujá – SP, afirma: “independente de qual for o treino, se o praticante tiver uma respiração controlada conseguirá que o corpo melhore o seu desempenho, fazendo com que a absorção de oxigênio no corpo seja melhor. Isso também ajudará no controle da frequência cardíaca, evitando a fadiga e sobrecarga”.
Isso acontece porque uma respiração ritmada e controlada torna os batimentos cardíacos estáveis e dessa forma o ciclista realiza o mesmo trabalho com menos esforço.
Para que tudo funcione bem, não só a respiração deve ser correta como o ajuste do ciclista à bicicleta deve estar confortável e fino, para permitir que o corpo execute todas as suas funções. Cerca de 20 músculos são acionados durante a respiração e a grande maioria tem relação com a postura. Os principais são os músculos intercostais externos e o diafragma, que trabalham durante a inspiração, e os músculos intercostais internos e os abdominais, que trabalham durante a expiração. A capacidade respiratória melhora com uma boa postura. Se o ciclista estiver bem ajustado à bike, a capacidade dos pulmões se expandirem vai ser ideal. O mau posicionamento sobrecarrega alguns músculos utilizados na respiração e isso influencia negativamente no desempenho do ciclista.
Além de um bom bike fit, outra dica interessante são exercícios de fortalecimento e alongamento dos músculos envolvidos na respiração. Os exercícios de Pilates que trabalham o CORE são uma boa opção.
Estudos mostram que os efeitos podem ser negativos no desempenho do ciclista quando houver desvios no padrão respiratório: taquipneia (aumento da frequência respiratória), aumento da hiperinsuflação dinâmica e consequente aumento do trabalho respiratório, que pode resultar no chamado blood stealing, quando o sangue migra dos músculos periféricos para os músculos respiratórios para atender às suas demandas. Com isso, há uma diminuição de energia nos músculos periféricos, como os das pernas, tão exigidos durante o pedal. Também pode ocorrer fadiga muscular respiratória e dispneia aumentada (falta de ar), o que resulta na diminuição do desempenho do atleta.
Essas insuficiências respiratórias comprometem a troca gasosa, o que antecipa a fadiga muscular e provoca inclusive a perda da técnica da pedalada, podendo ocasionar lesões.
Para melhorar a respiração, a orientação de Luciano é simples: “as pessoas devem seguir sempre o procedimento natural do corpo, inspirar pelo nariz e soltar o ar pela boca. Não existe melhor controle que este. O praticante não deve se preocupar com como deve respirar, porque se fizer isso a sua atenção ficará um pouco fora do foco, que deveria ser o treinamento, prova ou passeio”.
Quando o ciclista fica ofegante, significa que ele atingiu o limiar anaeróbico e a produção de gás carbônico foi aumentada.
Ficar ofegante significa, então, uma mensagem do corpo pedindo para que haja a troca gasosa e esta substância seja eliminada. É importante controlar a respiração neste momento e ajustar o esforço físico até baixar o limiar anaeróbico para retornar ao ritmo normal.
A prática do ciclismo é benéfica em termos de capacidade respiratória, desde que seja praticada dentro dos limites de cada indivíduo. Segundo Luciano, “o ciclismo, conforme a prática frequente e acima dos 30 minutos de atividade, melhora a capacidade cardiorrespiratória, resultando numa melhor absorção do oxigênio pelo corpo, desenvolve o músculo principal cardíaco (coração), que promoverá maior queima calórica reduzindo as gorduras do corpo e regulando o colesterol, previne problemas cardíacos e respiratórios e promove uma melhor circulação sanguínea”.
O corpo humano é uma complexa e incrível criação, e não há como pensar apenas em seus membros separadamente. Tudo está conectado e suas funções mais simples e mecânicas, como o ato de respirar, são importantes para o funcionamento geral.

Revista Bicicleta

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atividade Física e Coca-Cola

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É comum entre os praticantes de atividade física de longa duração, o consumo de coca-cola, com a justificativa de ser um repositor de energia num momento de esgotamento. Será mesmo que esta bebida ajuda neste reestabelecimento físico?
Dentre os compostos químicos da coca cola, temos uma alta concentração de açúcares e conservantes, como o ácido fosfórico que é apontado como um grande causador de problemas dentários, que aprisiona o cálcio, o magnésio e o zinco no intestino grosso, provocando também um aumento no metabolismo. Isto faz com que o organismo elimine o cálcio dos ossos pela urina, causando osteoporose.

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Dose de energia

Com o corpo fatigado, precisando ser hidratado, ao beber o refrigerante, se tem a sensação de conforto pois nos sentimos bem no mesmo instante, pela rápida absorção do açúcar, dando-nos uma impressão de “refeitos”. Porém este bem-estar dura pouco e com a ação diurética perde-se liquidos e o corpo logo necessita de nova reposição. Este refrigerante de sabor altamente palatável proporciona um prazer ímpar, apesar de alguns corredores reclamarem de desconforto gástrico pela ação do gás.

Cafeína

Uma latinha de coca-cola contém 34mg de cafeína, enquanto num café espresso pode variar de 45 a 100mg.
Segundo estudos, a cafeína é uma das drogas estimulantes mais utilizadas no mundo. Com uma dosagem pequena, de 2mg por kg de peso corporal, ela já pode aumentar o estado de vigília, diminuíndo a sonolência, aliviando a fadiga, elevando a frequência cardíaca e ACELERANDO O METABOLISMO. Por isto ela é utilizada por atletas como suplementação, pois tem-se avaliado seu efeito ergogênico, que pode potencializar a performance ao se ingerir a cafeína associada a carboidratos, durante ou após o exercicio fisico de longa duração. Desta forma, há um retardamento na fadiga através de mecanismos controlados pelo sistema nervoso.
Em estudo sobre os efeitos em atletas, a fim de se diminuir a percepção da dor muscular nas pernas em provas de ciclismo, foi evidenciado que doses de 10 mg por kg de peso corporal, 1 hora antes da prova, provocou uma redução na intensidade da dor no quadríceps maior que no grupo que ingeriu 5mg ou placebo.

Desidratação e Câimbras

Ao se praticar exercícios físicos de alta intensidade, onde há grande produção de suor, perde-se não só liquidos, mas também sais minerais, como sódio, potássio, cloro e magnésio. Sugere-se que a cada 15/20 minutos haja uma reposição de aproximadamente 200ml de água.
A grande perda de líquido e sais, principalmente sódio, através de suor intenso, pode levar o atleta a perder muitos eletrólitos, causando hiponatremia, que é a diminuição de concentração de sódio no sangue. O surgimento de câimbras generalizadas é um dos primeiros sintomas, além de fadiga excessiva, dores musculares, dor de cabeça, náuseas, vomitos, diarreia, entre outros. Quando estamos desidratados a pele fica com excesso de calor, muito vermelha e a urina mais escura.
Lembrando que bebidas com cafeina, como a Coca-Cola, tem ação diurética, que ajuda na perda de liquidos – desidratação.
De acordo com o Instituto Mineiro de endocrinologia não é indicado esperar a sede surgir, nem mesmo repor a falta de líquidos com bebidas muito doce ou gasosas. O ideal, em caso de exercícios intensos e de longa duração, é manter-se hidratado com volumes médios e constantes de água e bebidas isotônicas que repõe os eletrólitos perdidos. Na falta destas bebidas, recomenda-se ingerir alimentos salgados, em pequenas quantidades, ou fazendo uma preparação de uma colher de chá rasa de sal e uma colher de sopa de açúcar em um litro de água.
Conclui-se, portanto, que deve-se EVITAR beber refrigerantes, principalmente durante esportes de longa duração. Dê preferência à sucos, água de coco e bebidas isotônicas.

Fonte: Caroline Bergerot – Nutrição Clínica

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

10 Razões para você NÃO se tornar um ciclista

Autor: Henrique Andrade
Ciclismo é o melhor esporte do mundo! Por isso, resolvi fazer uma brincadeira aqui (não original) de elencar algumas possíveis razões para você não se tornar um ciclista.
1 – Você vai ficar mais saudável do que deveria


Se você virar um ciclista, provavelmente você vai acabar desenvolvendo uma saúde de ferro. Com isso, dificilmente você ficará doente e não terá como curtir uns três ou quatro dias de febre no sofá, tomando sopinha e novalgina.
2 – Você vai gerar inveja nos seus amigos
Ao ver você postando fotos de lugares maravilhosos, com uma vista maravilhosa, percorrendo locais onde eles nunca vão chegar nem perto, seus amigos vão ficar chateados e frustrados com a própria vida e vão descontar em vocês.
3 – Sua perspectiva de vida vai mudar para melhor (e isso pode ser perigoso)

Ao pedalar, você começa a enxergar a vida de uma forma diferente. Começa a ver que se consegue ter uma quantidade gigantesca de prazer, fazendo algo muito simples como girar um pedal.



Isso pode ser perigoso! Você vai começar a dar valor nas coisas que realmente importam e você deixará de ser uma pessoa comum, o que pode te levar a realizar uma mudança geral na sua vida. Coisa que nem sempre é aceita pela sociedade. Como administrar um site de ciclismo por exemplo.
4 – Sua vida “social” vai acabar

Quando se aprende os prazeres de uma pedalada. Outras coisa que você considerava “legal”, como ficar em uma fila de uma balada, para depois ficar fazendo pose lá dentro, ficar uma noite inteira enchendo a cara e ficar o dia seguinte morgando, perdem todo e qualquer sentido.


Ou seja, seus amigos vão te achar um chato e vão falar que você está errado! O certo não é curtir a vida e a natureza, é ficar na balada tirando foto para o Instagram.
5 – Sua mulher (ou marido) vai brigar sempre com você
Uma coisa constante na vida de um ciclista, é a resistência de seus companheiros de você ficar tanto tempo andando por lugares muito legais, enquanto a outra pessoa fica curtindo uma preguiça no sofá. principalmente quando a pessoa quer ir naquela festa chata e você quer acordar dia seguinte as 6 da manhã para fazer um longão.
Se o seu companheiro não for ciclista ou esportista, isso vai acontecer. Não tem jeito.

6 – Você vai causar frustração nos pobres motoristas


Ao ver você passar com a sua bike, curtindo um vento na cara, os motoristas (e colunistas da Veja) são acometidos por um incrível ódio. Isso fará com que eles tirem finas de você, te xinguem, postem coisas contra você nas redes sociais… Enfim. Se você não quer gerar raiva em ninguém, não vire ciclista.
7 – Você só vai falar de bicicleta

Ciclismo é o melhor esporte do mundo! Por isso, resolvi fazer uma brincadeira aqui (não original) de elencar algumas possíveis razões para você não se tornar um ciclista.


Esse é um problema grave. Como o esporte é absurdamente apaixonante. Sempre que tiver a oportunidade, você vai ficar horas e horas…e horas…. e hoooooooras, falando da magrela.
8 – Você provavelmente não vai saber nada do Campeonato Brasileiro de Futebol
Quando seus amigos te perguntarem sobre o que você achou do jogo do Madureira com o Flamengo, você não vai fazer nem ideia do que rolou… Mas sabe que o Contador está liderando o Tour de France por 15 segundos e amanhã é etapa de montanha.
Isso não se aplica a todo mundo.
9 – Você vai ser criticado pelo outros
“Pedalar tanto assim faz mal”. “Você pedalou 100km??? Você vai morrer”. “Você está ficando viciado”. Se você não quer ouvir esse tipo de comentário… Não vire ciclista.
10 – Você vai gastar todas as suas economias com bicicleta

Se você se apaixonar mesmo pelo esporte (o que tem uma chance muito grande), você vai vender até a geladeira da sua mãe para comprar aquele par de rodas tubulares que pesam 100 gramas a medos do que a outra que custa a metade.


Conclusão: É um esporte maravilhoso e todos deveriam se dar a chance de conhecer. Vale muito a pena!


PraQuemPedala

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

10 dicas para evitar que a bunda fique doendo quando pedala

Autor: Henrique Andrade

O ciclismo é um esporte muito gostoso, mas infelizmente ele judia bastante das partes mais baixas do nosso corpo. Aqui vão 10 dicas para minimizar as dores na bunda.

1 – Fique em casa após um treino longo
Após realizar um longo e doloroso treino, principalmente se for na chuva, dê um descanso para os fundos. Fique deitado em casa e aproveite o que estiver rolando na internet, de preferência no PraQuemPedala. ;)
2 – Não use roupa de baixo
As bermudas de ciclismo foram desenvolvidas para ficar em contato direto com a pele. Acrescentar mais uma camada de roupa, fará com que ambas percam a função para as quais foram desenvolvidas.
A cueca ou calcinha vai embolar e te machucar de uma forma bem ruim em treinos longos. Portanto, use o equipamento da forma que ele foi planejado para ser utilizado.
3 – Use roupas do tamanho certo
As roupas de ciclismo são apertadas por um motivo. Para evitar que elas fiquem embolando e machucando a sua pele. Escolher o tamanho certo de roupa é essencial para evitar uma bunda dolorida.
Se escolher um short apertado demais, ele vai ficar entrando em lugares que você não que ele entre. Se ficar folgado, o forro vai ficar “sambando” e não vai de proteger da maneira correta.
4 – Limpe as suas bermudas (breteles)
Bermudas limpas estão sempre sem sal de suor e bactérias que vão prejudicar a sua pele. Portanto, sempre utilize bermudas limpas na hora de treinar e mantenha um bom processo de limpeza delas.
5 – Use creme chamois
É um tipo de creme que lubrifica as partes intimas e impede que a bermuda vá arrancando pequenos pedaços de pele com o tempo. Uma coisa que funciona tão bem quando e é bem mais barato, é a vaselina.
6 – Use um paralamas
Uma forma muito eficaz de manter a bunda sem machucados, é evitar que ela se molhe durante o pedal. Por isso, os paralamas são excelentes ferramentas para um pedal molhado.
Ele evita que uma quantidade enorme de água espirre nas suas costas e isso diminui bastante os problemas na parte do forro.
7 – Procure um selim correto
Procure um profissional de bike fit e veja qual o modelo de selim que ele te indicará. Isso é possivelmente uma das partes mais importantes para evitar machucados.
8 –  Ande mais rápido
Quanto mais força você fizer no pedal, menos peso estará colocado sobre a sua bunda. Portanto diminuirá a dor.
9 – Se amarre em um travesseiro (é piada galera do mau humor)
10 – Ande até se acostumar
Infelizmente, mesmo com todas essas medidas, o ciclismo nunca será um esporte confortável. Mas com o tempo, você se acostumará com as dores. Portanto, o tempo é o melhor remédio para esse caso.

Pra Quem Pedala


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Atividade física em excesso causa acúmulo de radicais livres Ao longo dos anos isto pode levar a perda da força natural e resistência ARTIGO DE ESPECIALISTA


foto especialista
Ricardo Nahas MÉDICO DE ESPORTES
ESPECIALISTA MINHA VIDA

Radicais livres: mais uma salada de letras que assombra aqueles que se preocupam com a boa saúde e tem na atividade física regular um meio de obtê-la. 
Radicais livres são frações de moléculas, fragmentos, que resultam de todo o processo da produção de energia pelo tecido muscular. Eles são extremamente instáveis e sua ativação causa lesão do tecido muscular. 
Embora o metabolismo exigido na produção de energia para atividade física termine na formação desses radicais, além de outras moléculas, somente o excesso de exercícios, atividade física intensa e prolongada, faz com que o seu acúmulo seja prejudicial à saúde. Excluindo carências nutricionais e doenças, basta que a atividade física seja de intensidade moderada em seu volume semanal para prevenir o problema. 
A atividade física intensa consiste em um consumo máximo de oxigênio e é algo extenuante. Envolve realizar um treino por um período maior do que aquele com o qual estava habituada. Outras características são fazer um treino mais extenuante do que o normal e realiza-lo mais de três vezes por semana. 
No entanto, se por qualquer razão você for obrigado a se submeter a um treinamento intenso, esteja preparado para os efeitos nocivos como consequências do acúmulo desses radicais que vão desde dor devido ao processo inflamatório que se estabelece até grandes destruições de tecido muscular. 
Entre os fatores que desencadeiam a lesão muscular pelo efeito nocivo dos radicais livres, o estresse mecânico vinculado ao excesso, é um dos mais relevantes, principalmente se resultado de exercícios musculares excêntricos. Tratam-se daqueles que vão além da capacidade do músculo de produzir energia e assim ele realiza um movimento contrário a sua ação. Um exemplo disso é o cotovelo que se abre para fora quando a pessoa carrega muito peso. 
Como consequência, há fadiga e perda de força que é maior do que a produzida pelos trabalhos concêntricos, movimento a favor da contração do músculo, embora estes em excesso possam trazer efeito semelhante. 
É fácil perceber que a persistência da alta intensidade dos exercícios de maneira continuada e prolongada leva a danos ao tecido muscular. Estes danos podem ser permanentes e se agravam com a perda natural da força e resistência ocorrida com o passar dos anos. 
Outro ponto principal a ser esclarecido é a ação do oxigênio, ou da falta dele. A atividade física intensa e prolongada impede o adequado aporte de oxigênio, mais uma causa de estresse na produção de energia pelo músculo. Este fenômeno leva a uma menor produção de antioxidantes como as vitaminas A, E, C e de elementos como o zinco e magnésio, essenciais no bloqueio da indesejada ação dos radicais livres. 

Como prevenir o problema

Ficou com má impressão lendo este artigo? Então vamos desfazê-la: pratique atividade física moderada e regular que seus radicais livres serão naturalmente combatidos pela produção adequada de antioxidantes e você continuará usufruindo tudo o que de bom o exercício traz para o nosso organismo. Além disso, mantenha uma dieta balanceada com grande variedade de alimentos.


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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mito da bike 29 - Qual o tamanho ideal para você?

Cansei de ver atletas e entusiastas montados em bikes 29 com tamanhos errados. Sinto uma dor na coluna só de ver.

Revista Bicicleta por Guiné
21/01/2013
Mito da bike 29 - Qual o tamanho ideal para você?
Foto: Pedro Cury
O motivo deste artigo é mais um alerta do que a indicação perfeita de um quadro. O que vem acontecendo aqui no Brasil é algo abusivamente errado. Falta de informação é a principal causa disso. Por exemplo: sempre tem aquele que se acha especialista em bike fit. Mas para isso, ele deveria estudar anatomia ou fazer um curso especializado antes de dar "informações" ou tentar ajustar a bike mais detalhadamente para um ciclista. O que serve para você, muito dificilmente servirá para outro. Principalmente nas rodas gigantes, completamente diferentes das 26”.

Teoria Básica da Troca de Quadro: 26x29

Não tem nenhum mistério, mas muitos usuários ainda têm dúvidas de quando vão fazer a migração e trocar de bicicleta. Se você tem uma bike 26 que o tamanho do quadro é 18”, logicamente você vai usar o mesmo para uma bike 29. Não é porque a roda é maior três polegadas (em alguns casos, a diferença não chega a isso) que o ciclista precisa diminuir o tamanho. Mas no final das contas, pode surgir uma pequena possibilidade do quadro ser menor ou maior, sim, e o usuário usar outra medida. Parece confuso e contraditório, mas o uso de um tamanho de quadro maior na bike 29 do que no da 26 pode ser melhor para certos ciclistas.
Não são todos os fabricantes que fazem todas as medidas iguais. Cada um tem o seu segredo e combinação (apresentação), mas ainda tem fabricante fazendo bikes 29” erradamente. Muitos ainda usam moldes e geometrias de 26, que comprometem em todos os aspectos: rendimento, dores no corpo etc.

História das Bikes 29 em Relação aos Quadros

Quando as bikes 29 surgiram há mais de 15 anos, através dos famosos frames builers (especialistas ou criadores de quadros “caseiros”), a demanda era mínima. Aos poucos foram crescendo os adeptos e as produções,  surgindo as primeiras montadoras e marcas específicas. Muitos destes quadros tinham as construções corretas pelo simples fato de seguirem o padrão de uma mountain bike tradicional: medições e reforços de acordo com a tubulação e espessura.
Muitos gastos e dor de cabeça até chegar na geometria correta fizeram parte do trabalho dos criadores e formadores de opinião. O famoso off set do garfo foi o principal deles. Depois, o centro de gravidade (e já tem marca famosa publicando balela). Medição entre eixos, angulação do seat tube, top tube e angulação da caixa de direção etc. Pronto, os diversos erros foram corrigidos, embora alguns fabricantes ainda não acharam a geometria perfeita. Enfim, a bike 29” não nasceu por agora.
Com o boom das bikes 29”, as famosas marcas de aro 26” não se deram ao luxo de pesquisar, medir e fazer testes com seus protótipos. Muitas delas só fizeram alongar o famoso JIG (gabarito de criação, montagem e soldagem de quadro). Resultado: tudo errado.  Mas mesmo assim, as bikes 29” invadiram o mercado.
Apenas com o alongamento atrás (seat stay e chain stay), estas bikes se transformaram em mutantes, fazendo com que os primeiros usuários – cobaias – tivessem uma experiência um pouco negativa em relação às mesmas. Por isso, até hoje os comentários ruins ficam na mente dos ciclistas. Pobres estes que ainda não pedalaram numa verdadeira 29”.

Problemas

Com o famoso “empurra-empurra” nas vendas, muitos ciclistas vêm usando bikes menores, ocasionando uma mesa maior ou canote super elevado. Resultado desta combinação? Tem que pedalar muito para saber.
Alongando apenas os tubos traseiros, as marcas não faziam as medições de forças aplicadas e variação das espessuras corretamente. Isso sem citar as outras partes que um quadro possui. “Oras bolas”,  a pressão e força de uma roda 29” é muito maior que uma bike 26”. Eis a resposta das trincas e quadros empenados (torcidos). Simples!
Mas o problema vai além! A distribuição errada do peso do ciclista sobre a bike causou diversas queixas de que a bike 29” não subia bem, não era boa em singletracks, era uma bike mais pesada para pedalar, não rendia etc. Tudo isso já foi desmentido e não precisa falar mais das qualidades das rodas gigantes.
Isso não é uma denúncia. É apenas um fato. Afinal, nenhum fabricante queria ficar atrás, por isso houve uma peregrinação prematura para as rodas gigantes por parte de muitas marcas conceituadas. Tenho que ressaltar que algumas delas atrasaram sua produção em série. Estas fizeram bem e seguraram até o momento certo da nova tendência explodir. Mas mesmo assim, ainda ficam fazendo quadros muito aquém dos famosos frame builders, os que estudam e quebram a cabeça para chegar na “geometria fantasia” de uma verdadeira bike 29”.

Fonte: Revista Bicicleta
 

29 opniões sobre as 29


29 opniões sobre as 29
Foto: Pedro Cury
A diversificação de opções no tamanho dos pneus em mountain bikes têm provocado uma euforia no mercado das bicicletas. Bikes com aro 29, maior que as tradicionais MTB's aro 26, têm sido apontadas como tendência. Seguramente, essa popularidade não é à toa.
Alguns consumidores sentem-se intimidados a aderir às 29, céticos por imaginarem se tratar de uma armadilha das empresas para aumentar as vendas e reinventar-se no mercado. Mas a verdade é que atletas profissionais, trilheiros, cicloturistas e até quem usa a bike como veículo na cidade têm testado e aprovado a novidade.

História

O britânico Geoff Apps, pioneiro do MTB, modificava bicicletas convencionais para uso off-road desde 1965. Em 1979, ele projetou uma bike para a lama úmida do sudeste da Inglaterra, em que usou pneus 650Bx54 Nokia (aro 27,5''). Na década de 1980, após o boom do MTB na Califórnia, Apps entrou em contato com Gary Fisher e Charlie Kelly para apresentar-lhes uma bike off-road que havia construído usando pneus 700C (aro 29''), mas conforme Fisher afirmou em 2006, quando analisava a crescente popularidade das bikes 29, o mercado ficou preso às rodas menores, aro 26, porque no início era mais fácil encontrar esse tipo de pneu. Em 1990, alguns protótipos fabricados por encomenda começaram a aparecer com aro 29. O catálogo de bicicletas Bianchi de 1992 apresentou três modelos e chamava a atenção para as vantagens das rodas maiores. A empresa Klein produziu uma pequena quantidade de uma versão 29, mas não conseguiu ganhar mercado e foi descontinuada. Na Interbike em 1999, Gary Fisher (na época, autônomo, atualmente, integrante de uma divisão da Trek) apresentou a primeira 29 de série, a Sugar One 29er, que só entraria no mercado tempos depois, apesar de algumas rodonas já estarem em cena nas trilhas do Colorado. Também em 1999 foi produzido o primeiro verdadeiro pneu 29, pela empresa Wilderness Trail Bikes, chamado de Nanoraptor. No Brasil, Fábio Yoshimoto protagonizou a criação do primeiro quadro para bicicleta aro 29 no país, batizado de Saga, em 2009. Fábio faleceu em fevereiro de 2011, mas deixou o seu legado.
E você, já considerou pedalar uma bike 29? Muito tem se falado sobre esse novo formato de bike, mas nada melhor que ouvir os seus usuários. Então, saiba como é o pedal “lá de cima”, através de 29 opiniões de quem realmente usa as rodas gigantes.

Primeira Impressão

O que acontece quando, depois de uma experiência toda de MTB em bicicleta aro 26, de repente aparece uma 29 em sua vida?
1 - “Boa parte das desvantagens da bike 29 se concentram na adaptação do ciclista a esse tamanho de roda. As primeiras pedaladas numa 29 são estranhas, pois ela se torna mais pesada quando se usa uma mesma relação de marcha: mas é só uma questão de tempo para se encontrar a melhor opção de câmbio”. (Fernando Papisch Druck, 51 anos, Porto Alegre - RS).
2 - “A primeira experiência numa 29 nem sempre vai causar a melhor impressão. Afinal, são anos e anos de 26: a diferença é muito grande no uso e os ajustes são totalmente diferentes. Mas a hora que se acerta a bike e piloto, não tem mais retorno!”. (Mario Roma, ultramaratonista, 49 anos, São Paulo - SP).
3 - “Para mim, não houve nenhuma dificuldade de adaptação. Pelo contrário, foi muito melhor e mais fácil. Inicialmente, você sente como se vestisse a bike; o caimento é perfeito. Quem experimenta, não volta mais”. (Marcelo Cecílio Daher, 43 anos, Anápolis - GO).
4 - “Uma grande dúvida dos bikers é em relação à mobilidade e agilidade de uma bike 29. Sempre respondo que ela não é mais difícil de manobrar. No entanto, é necessário um período de adaptação, pois há uma certa restrição de mobilidade no começo, que está relacionada à falta de prática com as rodonas”. (Diego Armirro Vilar Carneiro, 32 anos, Lorena - SP).
Portanto: Não podemos afirmar que será melhor ou pior, mas a sua primeira experiência com bike 29 será diferente de tudo o que você já passou com sua 26. Esse estranhamento inicial é natural e pode representar melhoras na sua pedalada e posição na bike. Mas caso sinta alguma dificuldade, não desanime: é apenas uma questão de adaptação e de acostumar-se com sua nova bicicleta.
Por que é assim: Porque falta perícia com a 29, que exige uma outra relação de câmbio, maneira diferente de pedalar, posicionar-se etc.
O que fazer: Praticar bastante, testando a bike e as trocas de marchas em diferentes situações.

Biótipo

Rodas grandes são só para homens? Pessoas altas e fortes? E uma mulher de 1,57 m de altura?
5 - “O biótipo da pessoa deve ser levado em consideração para a escolha de qualquer tipo de bicicleta, seja ela 26 ou 29. No início, havia alguma dificuldade de se encontrar diferentes tamanhos de quadros, o que restringia muito a opção para quem fosse alto ou baixo. Hoje, há uma maior facilidade de se encontrar esses tamanhos. Alguns amigos mais altos que migraram da 26 para a 29 comentam que a bike “encaixou” melhor para eles e já tenho visto pessoas mais baixas, principalmente mulheres, que pedalam em bikes 29 tamanho pequeno com grande desenvoltura”. (Fernando Papisch Druck, 51 anos, Porto Alegre - RS).
6 - “O fator tamanho da pessoa pode ser relevante por causa do overlapping, quando o pé do ciclista bate na roda ao virar o guidão. Uma pessoa muito baixa ainda pode ter mais dificuldade para encontrar um quadro do seu tamanho”. (André Pasqualini, cicloturista conhecido como O Bicicreteiro, 38 anos, São Paulo - SP).
7 - “No início, fui contra a tendência da 29, pois achava que era só para atletas de estatura acima de 1,80 m. Eu tenho 1,72 m e achei que ia ficar desproporcional. Andei só uma semana com a bike e já fui correr uma prova de maratona com ela; e ganhei”. (Rubens Donizete, atleta da Merida que representará o MTB brasileiro nas Olimpíadas de Londres com sua 29, a Merida Big Nine Carbon Team).
8 - “Acho que a bike 29 é um espetáculo, principalmente para as mulheres que se sentem inseguras nas descidas fortes, no cascalho etc. Eu, por exemplo, desci até escadas”. (Raquel Gontijo, 51 anos, Belo Horizonte - MG).
9 - “As 29 se adaptam muito bem a pessoas com estaturas maiores e mais fortes, no entanto, existem modelos 29 para todos os biótipos, basta fazer um bom bike fit para definir as medidas de quadro, mesa, canote etc. Se a pessoa é mais fraca e começa a pedalar uma 29, no início pode ter mais dificuldade, mas com treino irá adquirir melhor preparo físico e superará qualquer dificuldade”. (Diego Armirro Vilar Carneiro, 32 anos, Lorena - SP).

Fala, Manu

“Comprei minha Gary Fisher Superfly em 2008, numa viagem para a Califórnia. Tenho amigos americanos que já usavam 29 e decidi comprar uma, embora no Brasil os meus amigos tenham me chamado de maluca. Lembro que muitas pessoas diziam que eu, por ser mulher, não teria força para fazer uma 29 andar; também não é assim. Sofro um pouco nas subidas íngremes porque me custa mais fazer aquele rodão girar, mas é bem melhor no plano e nas descidas. Adoro ela nos singletracks porque ela ignora os obstáculos. Em provas mais roladas o desempenho é maravilhoso, porque uma vez que você faz a 29 andar, ela vai embora. O conforto é indiscutível e acho que é a primeira coisa que se nota quando trocamos de 26 para 29. Já uso faz tempo e não abro mão. Até para ir à praia vou de 29, já estou super acostumada. Não tenho vontade de voltar a pedalar uma 26”. (Manuela Vilaseca, multiesportista, 33 anos, Rio de Janeiro - RJ).
10 - “Fiz uma viagem de 160 km a bordo de uma 29 sem suspensão: foram oito horas e meia sobre a bike e consegui zerar o percurso muito bem, salvo o cansaço normal de uma pedalada dessas e o meu histórico de obesidade (já cheguei a pesar 183 kg, hoje, peso 115 kg). Atualmente, há bikes de todos os tamanhos. Marcas como a Niner, que já nasceu 29 (não adaptou de uma 26), fabrica um quadro tamanho XS (14). Também há bicicletas exclusivas para as mulheres. Ou seja, todos podem usufruir das 29”. (Egerton Fonseca Junior, o Junão, 34 anos, Araxá - MG).
11 - “Tenho 1,96 m de altura. Todo mundo diz que fico visualmente mais adequado na 29. Minha 26 parece uma BMX para mim. Por outro lado, alguns amigos que têm cerca de 1,65 m estão bem adaptados em suas 29, tanto rígidas quanto fulls”. (Luiz Nivardo Melo Filho, 34 anos, Fortaleza - CE).
Portanto: O seu tipo físico é importante na escolha de qualquer bicicleta. O fato de ser uma 29 não limita a escolha, seja por questão de altura, peso, sexo, idade ou qualquer outra característica. Se você tem maior estatura e força física, vai perceber um encaixe melhor na 29. As pessoas que se sentem inseguras em alguns terrenos, o que é mais comum entre as mulheres, se beneficiam do conforto e estabilidade das rodonas para ganhar confiança.
Por que é assim: com o aumento do tamanho da roda, toda a bike fica maior, o que é uma vantagem para pessoas mais altas. É preciso mais força porque aumenta a tração para vencer a inércia e acelerar a bike, já que aros, pneus e câmaras ficam mais longe do centro de rotação. A melhor transposição de obstáculos e a estabilidade oferecida pela 29, por ter pneus mais pesados e entre-eixos mais compridos, dá confiança em terrenos difíceis.
O que fazer: Um bom bike fit ajustará sua bike ao seu corpo, independente do seu tamanho. Melhore seu porte físico com treinos de resistência e força. Busque a melhor relação de marchas.

Na trilha

Um singletrack fechado ou um estradão de terra batida? Terreno plano ou topografia acidentada? Seguir uma linha ou ignorar os obstáculos?
12 - “Minha primeira experiência com a bike 29 foi nos melhores singletracks de Campos do Jordão, porque queria saber o comportamento dela em trilhas mais técnicas; tinha receio de perder agilidade, mas a bike se mostrou excepcional, ultrapassando os obstáculos com facilidade, sensação de segurança nos drops e agilidade nas tomadas e retomadas de velocidade nas curvas. Aprovei de primeira. Eu usava uma 26 full suspension e fiquei surpresa por não sentir falta da suspensão traseira. Nas curvas, a 29 garante maior estabilidade e aderência”. (Adriana dos Santos Nascimento, 36 anos, atleta da RC Bikes, mountain biker há 21 anos).
13 - “A 29 é mais vantajosa em estradão, terreno técnico, descidas, subidas técnicas com vários obstáculos e de inclinação mediana para baixo. Em termos de competição, é mais indicada para maratona, ultramaratona e XC que não tenha muitas retomadas e subidas de elevação muito acentuada. Na 29, a sensação é a mesma de bike de ciclismo, pois é mais fácil manter alta velocidade. Além disso, ela preserva mais a coluna, tardando as dores lombares”. (Henrique Ferreira Pires, 31 anos, Belo Horizonte - MG).
14 - “Caso o piloto se adapte bem à sua 29, ela é vantagem para qualquer tipo de terreno e prova. Alguns dizem que elas são ruins em provas de XCO, por serem lentas, mas acredito que isto cabe ao atleta aprender como pilotar sem deixar a bicicleta perder muito o embalo”. (Nícolas Sessler, atleta da Scott que representa o Brasil na categoria Junior).
15 - “Para mim, em qualquer distância acima de 20 km, a 29 é mais vantajosa. Já fiz provas em terreno de muito cascalho (Patagônia), estradão de terra batida (Ecomotion Chapada dos Veadeiros), muita erosão e grandes degraus de pedra (Chapada Diamantina), e em todas senti diferença para melhor. A 29 oferece boa ergonomia e é muito mais fácil passar por obstáculos. Mesmo em subidas, bem embalada, ela roda melhor”. (Rafael Campos, 35 anos, equipe RC Team - QuasarLontra).
16 - “Não senti diferença no peso: é tão leve quanto minha antiga 26. Já competi com 29 em circuitos de trilhas estreitas, repletos de árvores, que exigem reações rápidas nas curvas e retomadas constantes, e ela não perdeu em nada na agilidade para a 26. Na curva, ela não sai do trilho, segue firme no chão, obedece aos meus comandos, o que me deixa mais segura. (Raquel Gontijo, 51 anos, Belo Horizonte - MG).
17 - “A bike 29 é super confortável, muito rápida e preserva bastante os braços quanto à trepidação e terrenos acidentados. Uso a Epic 29 Comp, que tem uma rigidez considerável na traseira, resultando em melhores condições de resposta quanto à dirigibilidade. Já presenciei vitória de atletas de XCM aqui no Brasil e acompanho também os resultados dos campeonatos mundiais de XCO, que na atualidade são vencidas por atletas que utilizam as 29”. (Vinícius Troglio Cabral, 35 anos, Lorena - SP).
18 - “O alto rendimento e estabilidade em descidas é realmente um diferencial em relação às bikes 26. Nas  subidas, a 29 exige mais esforço, no entanto, o segredo é entrar girando: não caia na bobeira de querer fazer força em marchas pesadas para subir, que você provavelmente não chegará no topo. É por isso que as 29 vem equipadas com um sistema de relação de marchas mais curtas, que se aproxima das relações normais da 26”. (Diego Armirro Vilar Carneiro, 32 anos, Lorena - SP).
19 - “Ainda não vi um terreno, levando em conta a adaptação do piloto com o formato, que uma 29 perca para uma 26. Moro em Araxá, onde acontece a primeira etapa da Copa Internacional de MTB. É uma das pistas mais técnicas e travadas do Brasil. Vi o atleta Rubens Donizete rodando esse ano com uma 29, subindo num lugar onde todos empurravam a bike”. (Egerton Fonseca Junior, o Junão, 34 anos, Araxá - MG).
20 - “A bike escala muito bem. Tanto em subidas técnicas e curtas, como em subidas longas. Nas subidas técnicas percebi uma das maiores vantagens da 29. Ela simplesmente desconhece obstáculos, não causando tanta preocupação de por onde ir, de procurar a melhor linha. Em descidas, ela é um trator ladeira abaixo. Só perdi habilidade em manobras mais curtas, como em pequenos saltos e viradas mais secas em terrenos travados. Mas não confundir com trechos travados, mas planos, em singletracks: aí não tem desvantagem. Até pensei que teria, mas fiz um pedal em umas trilhas de circuitos XCO e não foi nada lento. Mesmo com um guidão de 710 mm, a bike passou bem pelo circuito. O pior tipo de terreno, no meu caso, por ter uma bike toda rígida, tem sido as descidas realmente técnicas, com muita pedra solta e valas, mas uma suspensão dianteira facilitaria muito as coisas”. (Luiz Nivardo Melo Filho, 34 anos, Fortaleza - CE).
Portanto: A 29 mantém um desempenho igual ou superior às 26. Nos trajetos mais longos e planos, você consegue imprimir uma velocidade alta e mantê-la sem tanto esforço. Por causa do pneu grande, subir e retomar velocidade depois de uma curva, por exemplo, pode ser uma dificuldade para alguns ciclistas ou em geometrias mais antigas. O peso, em geral, é um pouco maior que uma 26, mas não faz tanta diferença no desempenho: se você perder alguns segundos por causa disso, com certeza irá recuperá-los na próxima reta. O conforto e segurança aumentam, pela boa ergonomia, melhor dissipação das trepidações e maior facilidade em transpor os obstáculos. Em trilhas mais fechadas e sinuosas, talvez você sinta um pouco de perda na agilidade em manobrar (ela fica mais demorada), mas muitos usuários dizem ter se surpreendido positivamente nesse quesito, pois houve evolução dos componentes, especialmente na geometria dos quadros.

Fala, Adil

“Na minha ótica, isso de melhor ou pior terreno não existe há algum tempo. Nos primórdios do formato, as 29 eram mais lentas e sofriam nos singletracks, o que pode ter criado um mito muito propalado por aqueles que ainda torcem o nariz para as rodas grandes. Essas bicicletas evoluíram de tal forma que brilham em praticamente qualquer condição, com destaque para trechos com subidas e descidas curtas, em que as 29 são insuperáveis”. (Adil Filoso, 41 anos, de São Roque - SP, dedica-se desde 2007 à divulgação e popularização das 29 no Brasil. É editor do site referência em língua portuguesa sobre o aro 29'': www.29er.com.br).
Por que é assim: A superfície de contato de uma 29 é mais estreita, mas é cerca de 5% maior do que em uma 26, melhorando o grip; dessa forma, a aderência em curvas e superfícies escorregadias melhora e a bike tem mais tração (derrapa menos). Por ser maior, a roda não entra tanto em um buraco (valetas, erosões etc.), exigindo menos energia para vencê-lo. O ângulo de ataque para transpor obstáculos (pedras, troncos etc) é menor na 29, ou seja, a roda ataca o obstáculo em um ponto mais baixo em comparação com o eixo da roda, atropelando-o mais rápido e suave. Dessa forma, a 29 "aplaina" o terreno. As rodas maiores também têm menos resistência ao rolamento, depois de alcançada uma determinada velocidade, pois o pneu maior sofre menos deformação. Mas as rodas grandes também exigem mais esforço para acelerar. O peso aumenta porque as peças são um pouco maiores, mas a indústria têm buscado, com sucesso, melhorar isso.
O que fazer: Avalie bem suas características e para que fim você pretende usar a bike. Continue pedalando na trilha que você mais gosta ou competindo no formato de prova que mais lhe agrada. As desvantagens são superadas ou, na pior das hipóteses, empatam com as vantagens da 29, e se você estiver se divertindo, vai adaptar a melhor maneira de subir e encontrar a agilidade que alguns usuários sentem perder com as rodonas.

No cicloturismo

Quer fazer uma viagem de alta quilometragem, passando por cidades interioranas, levando sua "casa" na bike e acampando toda noite em algum lugar diferente?
21 - “Fiz o Caminho de Santiago de Compostela, a partir de Saint Jean Pied de Port. Foram 830 km com uma Orbea Alma 29, em alumínio hidroformado: o conforto já é muito bom, mas gostaria de testar um quadro de carbono, pois deve ser melhor ainda. A manutenção é normal e a reposição de peças no Brasil é tranquila nas grandes cidades. A bike é um pouco menos ágil do que uma 26 e para compensar esse fator, encurtei mais o guidão e a mesa. Ficou muito esperta: no barro e areão o ciclista tem que estar sempre atento senão é tombo na certa e a bike escapa muito de frente”. (Dráusio de Calasans, 64 anos, Penápolis - SP).
22 - “A bicicleta 29 com que estou viajando tem 14 kg. É considerada pesada, mas para quem vai carregar até 60 kg, seu peso não é tão relevante. O ponto que mais se destaca numa 29 é a estabilidade. Como ela é maior, os alforjes não parecem "engolir" a bicicleta. Tive que fazer algumas adaptações: falta furação traseira de bagageiro e na suspensão dianteira. Tive que fazer um bagageiro sob medida. Mas as 29 estrangeiras já vem preparadas para viagens e as adaptações necessárias seriam as mesmas que faria em qualquer bicicleta. Como o aro da 29 é o mesmo da 700 (estrada), eu levo pneus para terra e para asfalto. Devido a essa versatilidade, eu consigo encarar qualquer terreno, ideal para longas viagens. Apesar do pneu aro 29 não ser tão comum, os pneus 700 podem ser encontrados em qualquer lugar, pois é o mais usado em bicicletas urbanas”. (André Pasqualini, cicloturista conhecido como O Bicicreteiro, 38 anos, São Paulo - SP).
23 - “Fiz uma viagem de Montevidéu, no Uruguai, ao Rio de Janeiro, em uma bicicleta híbrida (Trek 7100 700x35). Eu achei um pouco difícil encontrar raios na medida correta; como quebrou quatro em toda a minha viagem, precisei fazer reparos em diferentes cidades. Nas oficinas, os mecânicos sempre estavam dispostos a dar uma solução, mas era algo transitório, fora da medida adequada. Conseguir câmaras também foi difícil: algumas eram muito finas, em outras a válvula não encaixava direito. Na questão da comodidade ela é excelente: a postura é boa e a pedalada rende”. (Juan “Loliño”, Uruguai).
24 - “Na Europa, as bicicletas típicas para cicloturismo são as chamadas trekking, que têm aro 28. Nesse caso, o pessoal não pensa em adaptar uma 29 para cicloturismo, pois a 29 foi criada principalmente para o MTB. O fundamental é que o ciclista esteja acostumado com a bicicleta que tem, seja 26, 27.5, 28 ou 29; um giro no pedal de uma 29 percorre mais distância, mas é tanta diferença assim? No cicloturismo, principalmente, a reposição de peças ainda é uma desvantagem. Por exemplo, se eu tiver problemas com a bike no Himalaia, tenho mais chances de encontrar peças tendo uma 26 do que uma 29. Bicicletas 26 você encontra em quase qualquer parte do mundo”. (Fábio Zander, 35 anos, brasileiro que trabalha com cicloturismo em Munique, Alemanha).

Fala, Adil

“Realizei uma cicloviagem através do mítico Caminho de Santiago pedalando uma Scott Scale 29 Pro. Na ocasião, optei por um ritmo mais performance, cumprindo os quase 800 km em oito dias. O equipamento foi extremamente exigido e não me causou qualquer problema, bem ao contrário, minha 29er foi fundamental para eu manter esse ritmo elevado e ainda chegar menos cansado ao final de cada dia. Carreguei o mínimo necessário de bagagem e, como curiosidade, incluí um leve pneu de cyclocross na mala para qualquer emergência, uma vez que o diâmetro da roda nas 29 é o mesmo que nas bikes de speed, o que torna o aro 29 extremamente versátil. Garanto que o cicloturista não ficará um dia sequer sem pedalar por conta de dificuldades com o equipamento”.
Portanto: Em questão de desempenho e conforto, a bike 29 é muito boa para cicloturismo, pois a pedalada rende em trajetos longos. A bike 29 também é bastante versátil, podendo ser adequada ao asfalto e à terra. A manutenção é tranquila pois é praticamente igual à bike 26, mas repor peças, dependendo da cidade em que você está, pode ser um problema.
Por que é assim: Como o diâmetro do pneu 29 é o mesmo das bicicletas speed, ela ganha essa característica híbrida, ganha em versatilidade, e o cicloturista pode usar o pneu adequado para cada trecho da viagem: no asfalto, usa 700, na terra, usa 29. Por ainda estar ganhando mercado, cidades mais pequenas podem não oferecer as peças específicas para 29.
O que fazer: Leve itens reservas mais específicos das 29 para não ficar na mão: raios, câmaras e pneus, além das ferramentas necessárias para fazer a troca.

Na cidade

Você comprou uma bike 29 para as trilhas do final de semana, mas também quer ir trabalhar com ela, pedalando na cidade?
25 - “Faço uso misto da minha bike (urbano e trilhas). Minha dificuldade de adaptação foi com o guidão para manobrar entre os carros, pois constantemente esbarro em retrovisores, já que o tamanho do guidão costuma ser maior do que na 26. Eu tinha certa resistência em migrar para uma 29 pois temia perder agilidade, mas isso não existe, é uma questão de adaptação rápida”. (Willyen Ip, 39 anos, São Paulo - SP).
26 - “No trânsito, eu me sinto mais seguro pela posição mais alta. Eu não sou muito alto (1,75 m), então, com a 29 eu consigo ver por cima do teto dos carros; por exemplo, se tem um carro querendo entrar na frente do veículo à sua frente, você pode prever um possível acidente. Além de parecer mais visível para os motoristas, é muito mais fácil subir em calçadas, guias e enfrentar buracos. A desvantagem, para quem não está acostumado, está em manobrar entre os carros no trânsito pesado, pois a bike 29 é um pouco mais longa do que a 26, então, algumas vezes você acaba tirando algumas finas dos automóveis”. (Rafael Gustavo Guarda, 30 anos, São Paulo - SP).
27 - “Tenho variado entre a 29 e uma 26 para ir ao trabalho. Para circular entre carros e ônibus lentos, a 26 é mais ágil, mas quando tudo flui melhor, a 29 anda melhor. Acho que há um empate”. (Fábio Barbosa Almeida, 38 anos, São Paulo - SP).
28 - “Na verdade, só identifiquei um ponto negativo: o transporte de bikes 29 é mais complicado. Mas no pedal, só tem pontos positivos: transpor obstáculos, pedalada mais confortável, achei bem rápida nas largadas e rende muito mais em velocidade média”. (Fábio Bertini Paes, 33 anos, São Paulo - SP).
29 - “Por ser novidade, o preço das 29 ainda é um pouco salgado: essa seria a única desvantagem para o uso cotidiano”. (Sandro Montico, 42 anos, Morungaba - SP).
Portanto: De 29 no trânsito, você vai se sentir mais visível e também ver melhor, o que ajuda a prever a intenção dos motoristas. Valem, também, todas as vantagens das rodonas, como o fato de subir melhor um meio-fio, por exemplo, e a versatilidade do uso de pneu para asfalto durante a semana e para trilha nos finais de semana. Dependendo do ciclista, a retomada de velocidade e a agilidade entre os carros pode ser menor. O preço para manter uma 29 ainda pode ser um pouco maior. Pelo tamanho, a bike fica um pouco mais difícil de transportar, por exemplo, em um rack de carro.
Por que é assim: Com as configurações existentes atualmente, a bike "cresce" com o aumento do pneu de 26 para 29: isso lhe dá mais presença no trânsito. O fato da bike 29 ainda não ser tão popular, mas estar em franco crescimento no mercado, faz os preços serem mais altos.
O que fazer: Procure adaptar a sua forma de pedalar para alcançar a maneira mais rápida de retomar velocidade e ganhar agilidade no trânsito, para aumentar a sua segurança e evitar acidentes e danos. Para "driblar" os preços mais altos, pesquise bastante. A internet é uma aliada, tanto na troca de informações como na oferta de produtos através das lojas on-line.

A bike 29 é para você?

O objetivo da nova bike não é ser uma evolução da 26, mas uma opção, uma alternativa que pode ser utilizada em qualquer ocasião em que você usaria a 26. Há muitas vantagens nas rodas maiores, e qualquer dificuldade inicial passa pela adaptação à novidade. Certamente, as 29 ainda vão evoluir muito, da mesma forma que as 26 ainda podem melhorar.
Quando se fala em 26 versus 29, você vai ouvir vários comentários, mas não há um estudo científico completo que comprove as vantagens e desvantagens. Tudo depende, portanto, de preferências pessoais, pois ambas são incríveis - são bicicletas! Se você pensa em ter uma bike 29, faça um "teste drive" para sentir as diferenças. Não precisa ter medo de trocar por causa do seu porte físico ou por causa de qualquer característica da trilha que você gosta de andar ou formato de prova que prefere competir.
Se estiver buscando performance, a 29 é para você. Se o negócio é lazer e a preocupação é com o conforto, a 29 é para você. Se o objetivo é viajar e pedalar alta quilometragem, seja na cidade, no asfalto ou na terra, a 29 é para você.

Informações

O Projeto 29 Brasil (www.29er.com.br) e o site pedal29.com.br são iniciativas importantes que merecem destaque, por serem bastante informativos e interativos. Vale, também, trocar ideias com outros usuários das rodonas nos fóruns do pedal.
Fala, Guiné
O biótipo da pessoa faz diferença na escolha pela bike 29?
“Antigamente” eu poderia dizer que sim. Seria somente para ciclistas altos, justamente por só acharmos quadros acima de 17'' e ninguém entender nada sobre o novo formato. Mas com o passar dos anos, muitos testes foram executados para corrigir e chegar na geometria e padrão correto de uma verdadeira bike 29. Os estudos e as tecnologias voltadas para tal evoluíram bastante por parte de alguns fabricantes, fazendo com que estes saíssem na frente diante, com variações de quadros menores.                                                         
Neste contexto, não tem mais história que só serve para pessoas altas. Um exemplo claro foi a conquista do bronze da americana  Willow Koerber* no mundial de 2009 (primeiro pódio de uma 29 em mundiais). Koerber é muito baixa e ainda conseguiu andar na frente durante as primeiras voltas. Em 2010 ela conquistou o bronze novamente no mundial; não competiu em 2011 porque se casou com Myles Rockwell* e ficou grávida. Mas a escolha e o uso da bike 29 depende muito da adaptação. Alguns pilotos baixos não estão se adaptando ainda.
A escolha de uma bike 29 não vai fazer ninguém ganhar corrida. Antes disto, o ciclista precisa estar preparado, pois o velho ditado: “bike leve ou bike top não ganha corrida”; mas ajuda. Esse ditado só não é válido àqueles ciclistas que estão no topo, já que os mesmos estão muito igualados e um simples peso a mais faz diferença. Porém, digestão errada na noite anterior pode comprometer sua performance.
Aqui no Brasil, muita gente vem questionando isso: qual a melhor bike? De fato, as rodas grandes são superiores em tudo, apenas não são no arranque (física). Todos sabem que uma roda maior demora mais para embalar, apenas isso. Se vê que essa teoria já vem sendo questionada pela dinâmica e fluência das rodas gigantes: elas conseguem excluir o atraso desse arranque metros depois. Uma prova viva e real foi a sétima etapa da Copa do Mundo de MTB em 2011, quando Jaroslav Kulhay venceu Nino Schurter* no sprint de chegada: bike full 29 x hard tail 26. O que dizer?
Qual é o melhor e o pior tipo de terreno e topografia para a bike 29?
Não tem o melhor terreno para uma bike 29. Antes, os quadros não estavam preparados para um circuito mais travado, mas hoje os fabricantes oferecem modelos atualizados a este problema. Acabou a velha história de que não rende. Sobre as subidas... sobem muito melhor: mais confortável e constante; palavras dos milhares usuários. Na descida, uma avalanche. Não precisa escolher a melhor linha. Já no plano, eu costumo dizer que a bike 29 é a speed do barro. Se alguém ainda questiona que existe um terreno que ela não anda bem, todas as dúvidas ficaram no último mundial. Os suíços fizeram o mais difícil circuito da história em mundiais: raízes, drops, rock gardens, singletrack travado, subidas curtas e íngremes (teste de arrancada) e longos trechos de subidas. Como se não bastasse estas dificuldades, choveu muito, dando uma cobertura especial de lama, muita lama. O resultado foi a vitória de uma bike 29 full suspension, com o tcheco Jaroslav Kulhavy. Eu digo que foi o tiro de misericórdia a todos aqueles que falavam coisa com nada em relação as rodas gigantes sem nunca terem testado uma.
Quando as 29 apareceram, muitas brigas surgiram: amantes x tradicionalistas; com a famosa neura do peso. Vários vídeos na internet respondem todas as dúvidas em relação ao rendimento ou distância percorrida das duas bicicletas. Tal fato é comprovado em circuitos que elevam diversos graus de dificuldades, em que uma câmera e cronômetro são acionados para qualquer um tirar suas conclusões. E esses testes são verdadeiros, pois além da linha do circuito, medem pressão sanguínea, humidade do ar, temperatura, etc. Tudo isso para que não tenha uma margem favorável e erros físicos.
Quem compra uma bike 29 tem mais dificuldade para encontrar peças de reposição ou fazer uma manutenção?
Hoje não temos mais problemas. Os importadores e distribuidores no Brasil já aceitaram o formato como realidade e investem pesado para abastecer suas demandas. Já temos lojas no Brasil que possuem 50% de seus produtos voltados para bikes 29”.  Alguns delas estão se especializando apenas em 29” e já pensam em acabar com as 26”, o que eu acho errado. Sobre a manutenção, estamos bem. A indústria mecânica também oferece ferramentas específicas. O conhecimento em torno da manutenção das suspensões, rodas, raios e pneus permanecem iguais, apenas o tamanho mudou. Uma coisa que os usuários de 29 precisam saber é sobre a calibragem dos pneus que são diferentes e algumas pessoas ainda não aprenderam. Muitos usam as mesmas pressões das 26”, o que vem ocasionando empenos na rodas por estarem muito duros. Antes de pedalar, verifique a calibragem.
O brasileiro ainda está aprendendo com as bikes 29. Muita coisa é diferente, principalmente nas rodas. O simples fato de usar um pneu mais fino pensando que vai andar mais do que um pneu mais grosso está errado. O poder da 29 está na área de contato e sua transposição dos obstáculos, se você tirar isso dela erradamente, a bike não vai render. Toda teoria das 29 está voltada para as rodas. Assim como nos pneus 26, o peso do atleta influencia, mas nas rodas 29 não muito. Se o biker souber usar a calibragem correta e o pneu para tal terreno, tem um grande aliado para o sucesso e a vitória.
Às vezes, o pneu mais alto (fino ou grosso) para um ciclista pesado vai render a ele um conforto e um giro muito melhor do que um baixo; mesmo que o pneu seja pesado. E se o ciclista leve vier dizer que não precisa de pneu grosso ou alto, ele está completamente errado. Em uma bike 26, peso leve dificulta na tração em certos terrenos e casos, e por isso precisa de um pneu com mais birro. Já na 29, o ciclista leve só precisa baixar a calibragem, seja qual for o desenho ou medida. E se usar um pneu baixo e grosso, melhor ainda. Agora se você não sabe que o pneu tem três medidas, vai precisar aprender antes de executar as calibragens e escolhas ideais.
“Muitos ciclistas” estão usando 38 a 40 psi. Se for pedalar em estradas de terra batida ou asfalto, pode até ser. Mas numa trilha, pode usar até 25 psi. E o rendimento será melhor do que um pneu com 38 psi. Alguns pneus de bike 29 tem o favorecimento de calibragens baixas, principalmente se usarem com o líquido anti-furo e sem câmaras. Experimente corretamente!
Fale sobre o uso da 29 para cicloturismo.
O cicloturismo vem mudando sua forma de uns anos para cá, saindo mais dos tradicionais asfalto e estradão, e invadindo as trilhas mais difíceis como nas expedições. Com novos desafios, alguns aventureiros dos Estados Unidos passaram a usar as bikes 29 em suas jornadas e publicar relatos interessantes do uso das mesmas, elogiando o comportamento perante às pedaladas (viagens). O fato é que uma bike 29 é mais estruturada (tubulação) do que uma bike híbrida. Com os pneus mais grossos, a bike passou a transpor obstáculos nestas aventuras sem deixar o piloto desequilibrar e suportar mais peso, mantendo uma melhor dinâmica do giro da roda e, principalmente, evitando furos, a neura dos cicloturistas. Em relação ao uso de alforjes, não são todos os quadros que têm furações do tipo (apenas os mais antigos). Mas seguindo um novo nicho de mercado, alguns fabricantes já estão refazendo modelos intermediários (linhas básicas) com estas furações.
Aqui no Brasil, o cicloturista ainda tem dificuldades em achar pneus de híbridas ou acessórios específicos para tal. Temos poucas lojas específicas, mas ainda é muito limitado a expansão da “modalidade” em outros locais do país em relação ao mountain bike. Por isso que surgem as adaptações e gambiarras numa situação de emergência.
Fale sobre o uso da 29 na cidade.
Os importadores e distribuidores do Brasil nunca focaram para as bicicletas híbridas. São poucos aqueles que oferecem modelos, mas com a mobilidade urbana em alta, o mercado virou os olhos e agora todos querem comer uma “fatia do asfalto”. Ainda na falta das híbridas, muitos passaram a aderir à roda gigante. O conforto dos pneus mais grossos (contra buracos), a facilidade de pilotar, suspensão mais robusta e o uso da bike em qualquer situação, são os principais fatores. Sem falar do costume e adaptação da antiga bike 26 e o próprio uso: semana cidade e findi trilha. Não vejo desvantagem para uso de uma bike 29 nos centros urbanos, apenas o preço no mercado.
Em quais casos, na sua opinião, não é uma boa troca deixar de lado a 26 e aderir à 29?
As bikes 29 ainda estão caras em vários lugares do planeta. A indústria internacional teve que acompanhar e seguir esta tendência e fabricar novos gabaritos. Nesta circunstância, tudo torna-se novo e caro até virar popular. Por exemplo, peças da mesma marca e modelo, só porque são 29, algumas chegam a ser 40% mais caro em relação às 26. Para quem quer praticar o mountain bike como lazer, usando a bike como passeio ou mobilidade urbana e utilidades alheias, permaneça ainda com as rodas pequenas. Em qualquer esquina teremos peças tradicionais, câmaras de ar e pneus; estes dois últimos ainda são “diamantes” no mercado nacional; difíceis de achar. Por isso que ainda recomendo as bikes tradicionais para este perfil de usuário. Quando tomar gosto pela modalidade e quiser investir numa coisa superior, já indico as rodas gigantes. Tratando-se do uso profissional, eu deixo a resposta para os diversos atletas do mundo inteiro e alguns daqui do Brasil, que vêm usando os “tanques de guerra” em suas vitórias contra os “jipes”.
* Willow Koerber foi capa da Revista Bicicleta Ano 01 – nº 04 - Março 2011
* Myles Rockwell foi um dos maiores atletas de downhill da história. O atleta deu fim na carreira após se preso por plantar e vender maconha em casa.
* Jaroslav Kulhavy foi o primeiro atleta a se destacar no cenário internacional com uma bike 29. Ele conquistou tudo que disputou em 2011: mundial, campeonato europeu e Copa do Mundo de MTB (venceu 5 etapas). O tcheco já tinha ganho o campeonato europeu de 2010 e outras provas no mesmo ano.
Nino Schurter* é um dos melhores atletas do mundo, que muitos outros se espelham. Este suíço é neurótico por peso e contra as bikes 29. Mas a realidade é que ele é muito baixo e não se adaptou as rodas gigantes. Tal fato que vem usando bike 650B (aro 27.5) .

(Wagner Figueiredo Silva, o Guiné, 35 anos, Salvador - BA, teve seu primeiro contato com as bikes 29 no Demo Day da Interbike de 1996. Dois anos mais tarde, na mesma feira, ganhou uma 29 de Gary Fisher, na base da choradeira. Mesmo tendo que vendê-la em 2002, por falta de peças no conjunto das rodas (raios, pneus e câmaras), Guiné nunca abandonou as rodas gigantes, sempre acompanhando sua evolução.)